Yumi estava trabalhando em um projeto da MSF - Médicos Sem Fronteiras no Sudão do Sul (África), e aproveitou as férias para ir a um safári e praias da Tanzânia, que é um destino próximo de onde ela estava e bastante famoso pelas praias a safáris. Para aproveitar uma semana de férias, Yumi acabou optando por conhecer um pouco destes dois cenários, sendo: 4 dias de safári e 3 dias relaxando na praia.
Quem é Yumi
Eu nasci em Avaré, interior de São Paulo, fiz engenharia de produção, trabalhei por 6 anos em São Paulo com projetos de logística e suprimentos. Desde o início de 2016 trabalho nesta organização humanitária internacional. Pra mim, viajar é uma forma de aprender e absorver um pouco mais sobre a história do local/região que visito. Além disso, conhecer pessoas, lugares e culturas diferentes faz com que eu me sinta mais integrada a esse nosso mundo, viajar me faz abrir os olhos e perceber que a realidade não é só o que acontece ao redor de onde eu moro, existem muitas outras realidades completamente diferentes... Por isso quando viajo, gosto de visitar não só lugares turísticos, mas também lugares comuns, onde as pessoas que moram ali costumam ir, restaurantes mais locais, com pratos típicos, ver como é o dia a dia das pessoas dali, etc. Comida pra mim é muito importante! 😀
Passei por Dar es Salaam e Kilimanjaro (apenas de passagem, por causa das opções de vôo), Arusha (e região) e Zanzibar, fui em maio de 2016, de férias.
Nos safáris havia muitos grupos de familias, ou grupos de amigas, além de moças viajando sozinhas, e em Zanzibar muitos casais, grupos de amigas, e algumas pessoas viajando sozinhas também.
Preparos para ir a Tanzânia
Quando fui, o visto era emitido na chegada ao aeroporto, por US$50. O aeroporto é bem diferente do que estamos acostumados no Brasil, bem mais simples, e talvez meio bagunçado, mas nada grave. Cheguei sozinha no aeroporto e tudo correu bem, consegui me comunicar e fazer tudo o que precisava.
Para quem quer ir para a África, prepare-se para tomar muitas vacinas. Não vou me recordar exatamente quais vacinas precisei tomar para entrar na Tanzânia, porque tomei inúmeras antes de ir pro Sudão do Sul (hepatite A, anti-rábica, febre tifóide, ACWY, etc.), mas acho que a mais importante pra Tanzânia é a de febre amarela, onde provavelmente vão pedir o cartão internacional da vacina no aeroporto.
Costumo passar em um 'médico do viajante' (em São Paulo existe o Instituto de Infectologia Emilio Ribas, onde qualquer pessoa pode agendar uma consulta e ser atendida pelo sistema público. Mas é melhor ir com alguma antecedência em relação à sua data de viagem, pois o médico pode indicar algumas vacinas que exigem mais de uma dose e algumas exigem um certo intervalo de aplicação entre elas). Neste instituto o médico pode indicar as vacinas e profilaxias mais adequadas pra cada país que você planeja viajar. É importantíssimo levar um repelente bom, pois existem alguns casos de malária na Tanzânia. Também existe medicamento profilaxico para malária, mas recomendo checar antes com o seu médico.
Eu sempre prefiro levar meu estoque pessoal de medicamentos com prescrições médicas e notas fiscais, então não sei dizer como é a estrutura/condição das farmácias na Tanzânia.
A moeda local é o Tanzanian Shiling, com muuuuuitos zeros" Mas no final você acaba se acostumando. Para se ter noção, US$1 é cerca de TZS2000, não sei se as taxa de conversão variam muito. Em muitos lugares na Tanzânia se paga em dinheiro. Inclusive os safáris que fiz foram pagos em dinheiro. Alguns hotéis e um supermercado grande na cidade de Arusha aceitam cartões de crédito. Mas quase todo o restante dos estabelecimentos comerciais só aceitavam dinheiro. Se programe pra pagar gorjetas (em dinheiro), principalmente para os guias e outros ajudantes durante o safári.
Parei em uma lojinha na beira da estrada pra comprar alguns souvenires e percebi que os preços são mega inflacionados, mas como eles tem essa cultura de negociar, então vale a pena tentar (você pode conseguir baixar em até 3 vezes o valor final da compra). Eu comprei um cobertor típico das tribos masai que habitam na região, que começou valendo US$20 e no final paguei US$7 e ainda achei que poderia ser menos, mas não tive mais paciência para ficar negociando.
A dica é você entrar em contato com os hotéis antes da sua viagem porque é possível pedir pra eles enviarem um táxi ou uma van do hotel pra te buscar no aeroporto, pagando para isso apenas uma taxa adicional.
Na Tanzânia existe a alta e a baixa temporada de turismo e estão relacionadas à migração dos animais/chuvas. Eu não me recordo exatamente quando ocorre cada período, mas vale a pena pesquisar. Eu não tive muita escolha, pois minhas férias tiveram que ser em maio, mas até que foi uma época boa, pois ainda pude ver muitos animais migrando e não estava chovendo.
Também fiz reserva do safári antes de viajar e com a agência Bobby Tours que foi recomendada por outras fontes. A agência oferece um bom custo-benefício, principalmente em baixa temporada. A única coisa que não foi das melhores foi a infraestrutura dos banheiros dos campings, porque para nós, brasileiros, é muito incômodo usar latrinas, e os chuveiros eram de água fria, mas mesmo assim eu gostei muito da experiência e faria tudo de novo. É só ter a consciência de que será um safari com camping no meio das savanas selvagens e entrar no clima. Algumas agências de turismo oferecem a opção de lodges ao invés de camping, e talvez seja um pouco mais confortável, porém, mais caro.
Recomendo levar lanterna. Se for acampar nos parques, a agência de turismo oferece as barracas, mas os sacos de dormir são alugados por um custo adicional (ou você pode levar o seu próprio saco de dormir).
Curiosidades
As pessoas da Tanzânia são super simpáticas, sorridentes, com um jeito leve e sem estresse, o pessoal da agência de turismo era muito prestativo e educado, gostei muito deles, eram muito acolhedores. Provavelmente você vai passar por alguma tribo Masai, e vale a pena pesquisar sobre eles antes de ir.
Tive que pagar meio caro pra visitar uma tribo destas (entrar dentro da aldeia, ver umas danças típicas, etc.), mas eu já estava lá e seria um desperdício ir embora sem fazer a visita. E no final valeu muito a pena, pois a tribo Masai é uma cultura muito diferente e interessante.
Eles usam mão inglesa nas ruas e estradas, o que pra mim ainda e muito estranho!
O idioma da Tanzânia é o Suaíli (idioma de outros países, como Quênia e Uganda), que tem a famosa expressão "Hakuna Matata" do Rei Leão (não sei se eles começaram a falar por causa do filme ou vice-versa, ou se é charme pra agradar turistas, mas fato que eles usam bastante essa expressão), que significa algo do tipo "sem problemas".
E pra quem é fã mas não sabe, Freddie Mercury nasceu em Stone Town, Zanzibar! E o nome verdadeiro dele é Farrokh Bulsara. Zanzibar também é muito famosa pelo comércio de especiarias, teve uma grande produção de cravos no passado, acho que ainda tem (infelizmente com uso de mão de obra escrava no passado...).
Dependendo da região do país, existem mais ou menos muçulmanos. Apesar do país ser bem turístico e tranquilo, é bom pesquisar um pouco sobre as regras gerais de comportamento/roupas, não precisei usar lenço nem nada, mas, por exemplo, em Dar es Salaam e na Tanzânia (nos locais públicos), preferi me vestir de um modo mais conservadora pra respeitar um pouco da cultura local (isto é, não usei mini saia e super decotes).
A comida é muito boa! Muitos peixes frescos e frutos do mar. Você encontra praticamente todos os lugares a iguaria indiana Samosa, que são uns pasteizinhos muito bons.
Durante o safári, o cozinheiro da agência de turismo preparava café da manhã, almoço/ou lanche de piquenique e janta, ele cozinhava muito bem, na maioria pratos mais ocidentalizados, então não tinha nada estranho.
Locais que mais curtiu: Safari e praias
Como mencionei anteriormente, vale a pena pesquisar melhor se você quiser escapar das chuvas ou quiser ver a grande migração dos animais, ou evitar a alta temporada, etc...
Com relação ao safári, escolhi a opção de camping. Nunca tinha acampado antes, então foi uma experiência diferente pra mim e me adaptei bem, mas a dica que dou é levar roupas confortáveis e práticas de vestir e trocar no banheiro compartilhado (levem chinelo pra usar no banheiro! ;). Mas, como já disse, existe a opção de lodges e hotéis que devem ser mais confortáveis. Foram 4 dias e 3 noites de safári, passando por três parques nacionais diferentes (dormindo uma noite em cada). O local de partida é Arusha, você segue viajando por estes parques com o guia e depois volta pra Arusha.
Os três parques nacionais foram: Lake Manyara, Serenguete (você vai ver paisagens que lembram Rei Leão!) e Ngorogoro Crate. As paisagens são lindíssimas, de tirar o fôlego e muito diferentes do que já tinha visto até então. O momento principal do safári é o que eles chamam de 'gaming', onde você fica a maior parte do tempo no carro de safari procurando e observando os animais (os principais são os 'big five: leão, rinoceronte, leopardo, elefante e hipopótamo, ou búfalo, não lembro...). Uma coisa garanto: todos os animais são fascinantes, e é espetacular vê-los bem de perto, soltos na natureza. Então pra quem não gosta de animais, não recomendo. Os animais são praticamente os mesmos nos três parques, mas as paisagens mudam muito, e a cratera é a que tem uma concentração maior de animais.
Se você tiver um binóculos, pode levar, mas a agência de turismo também oferece. A entrada nestes parques, alimentação, barracas e transporte estavam todas inclusas no pacote do safari, o que paguei extra foi o aluguel do saco de dormir, gorjetas, os souverires e bebidas extras (por exemplo cerveja).
Antes de começar a viagem, o guia passou em um mercado onde comprei muita água (para os 4 dias), vinho, alguns snacks, etc. Quando fui, estava calor, mas nada insuportável, usei jeans e camiseta polo. No topo da cratera, onde dormi uma noite, fazia muito frio. Levei uma blusa de fleece e poderia ter levado mais uma jaqueta, mas me enrolei no meu cobertor masai e deu tudo certo.
Experiência incrível: se for dormir em barraca, o camping fica no meio dos parques nacionais que não podem ter nenhuma cerca ou algo do tipo, então durante a noite, quando está todo mundo em silêncio nas barracas e as luzes apagadas, os animais se aproximam (e muito) das barracas. Alguns ficam ali dormindo e pastando pelas barracas, como se as barracas fossem parte da natureza. É fato que talvez você não queira sair da barraca no meio da noite pra ir no banheiro e dar de cara com algum animal que seja maior que você... o guia disse que não havia problemas, contanto que não provoque os animais eles não fariam nada, mas eu preferi não arriscar...então, faça xixi antes de todo mundo se recolher, pra não ter que sair no meio da noite sozinho, no escuro, no meio de vários animais selvagens!
Bom, o safari foi a parte mais diferente e emocionante da viagem, mas Zanzibar também vale muito a pena conhecer, pela história, pelo seu mercado de especiarias e arquitetura da cidade Stone Town e pelas praias lindas da ilha. As águas são muito cristalinas, dá pra fazer snorkel e mergulho com cilindro.
Eu me arrependi de não ter levado aqueles sapatos de andar no mar, porque onde eu estava havia muitas conchinhas quebradas, pedras, etc. Não sei se muda muito conforme a região da ilha, mas fiquei em um lugar onde a maré mudava muito durante o dia, por exemplo, pela manhã eu tinha que andar bastante pra chegar na água e no fim da tarde a água batia nas escadas do hotel. Então é bom saber os horários se for programar algum passeio pela beira do mar.
Acabei não saindo do hotel ao longo dos três dias que estive por lá, foi mais um momento de relaxar e aproveitar a estrutura do hotel, ficar tomando sol nas espreguiçadeiras e tomando uns drinks. Mas vi que existem passeios de bicicleta pela ilha e outras opções interessantes.
No último dia antes de ir para o aeroporto, pedi ao hotel agendar um carro pra me levar para o aeroporto, porém passando antes por Stone Town para eu fazer um tour de algumas horas por ali, como não tive muito tempo de pesquisar detalhes da cidade, acabei pagando um guia indicado pelo hotel, que mostrou os principais pontos da cidade.
O que mudou para Yumi
Depois de fazer o safari não tenho mais vontade nenhuma de visitar zoológicos. É maravilhoso ver os animais livres e soltos nos seus habitats naturais. No safari é possível vê-los muito próximos (mas sem perturbá-los) e em uma quantidade enorme.
Pra mim, conhecer um pouco mais da África é conhecer um pouco mais das nossas origens, mesmo sendo uma cultura e paisagem completamente diferente (o que é fascinante), ainda é possível identificar algumas semelhanças com nosso país e nossa cultura, na aparência, no jeito alegre e caloroso das pessoas e na capacidade de adaptação/improviso
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