Embu das Artes é conhecida como a cidade das artes, já que lá se instalaram artistas desde a década de 1930, sendo o maior pico de conglomeração de artistas na década de 60 e 70, com os hippies. A cidade é pequena e o que mais chama a atenção é o seu centro, principalmente nos finais de semana, onde várias barracas preenchem duas principais ruas, compondo a tradicional feira de artesanato de Embu das Artes.
Eu já fui umas 6 vezes em Embu das Artes e algumas coisas sempre mudam por lá. Como a região até o século XVI era habitada por índios tupiniquins, havia um museu bem interessante sobre eles, mas infelizmente as 3 últimas vezes que estive lá, não o encontrei mais (talvez tenha mudado de endereço).
No século XVI foi a vez dos jesuítas andarem por estas terras e lá no "Largo dos Jesuítas" encontramos uma edificação bem característica e que hoje é um museu. O valor vai mudar daqui a pouco, lógico, mas hoje a visitação custa R$8,00 para adultos e não são permitidas fotografias no interior. Ele é bem interessante e muito bem conservado! Já no térreo o altar da antiga igreja, ou base religiosa, é bem promissor. Vale a pena visitar, sobretudo para quem ama história e arquitetura.
Um dos motivadores para caracterizar a cidade como a "cidade das artes" é por conta do pintor, escultor, decorador, designer, figurinista e vitralista Cássio M'Boy. Além de ter sido professor de artes, recebia em sua casa artistas do Movimento Modernista Brasileiro de 1922, como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Volpi e Takaoka. Na década de 1937 ele ganhou o "Primeiro Grande Prêmio "na" Exposição Internacional de Artes Técnicas em Paris" e meio que causou furor. Outro artista que se consagrou na região foi Tadakiyo Sakai, um escultor em terracota nipo-brasileiro. A cidade abriga o "Memorial Sakai", mas eu ainda não fui.
Com este background, uma coisa puxa a outra e finalmente entre as décadas de 60 e 70 os hippies montavam as suas barraquinhas para venderem artesanatos. Hoje o que encontramos lá na Feira de Artesanato não são mais os hippies, mas com certeza você encontrará muitos produtos provenientes de trabalho manual de verdade e alguns muito exclusivos!
Um dos trabalhos que mais me encantou foram as cerâmicas de alta temperatura (fotos mais abaixo), feitas de argila pela francesa Beth (ou como está escrito no cartão: Bty). A barraca dela fica aos finais de semana na Rua Joaquim Santana, perto da loja "A Baronesa". O trabalho é incrível, lembrando e muito a sutileza da cerâmica de argila japonesa. Aproveitei e comprei um conjunto de xícaras, colheres, pires e pratinhos para minha super amiga Gisela daqui do blog. Além do trabalho incrível da Beth, ela é uma pessoa incrível também! Mega simpática e recomendo o trabalho dela que não é meramente artesanal, é totalmente artístico! Vale o preço! Vai por mim!
A infinidade de lojas é vasta! Uma mais convidativa que a outra! Existem lojas de itens de decoração, outras de móveis pequenos e médios, há lojas de móveis gigantescos, há lojas de bebidas alcoólicas e também há muitos, mas muitos doces do tipo doce de leite, bala de cachaça, mel, vinhos doces, licores, doces, doces e doces. Uma loja que tem bebidas, doces e pimentas é "O Alambique", uma loja bem grande para levar algum quitute de lembrança. Os vinhos não são bons, mas são ótimas lembranças baratas (Endereço: Largo dos Jesuítas, 215).
Para quem quer comer algo que não seja doce, como um quitute, procure "A Casa do Acarajé" que fica dentro da viela da Feira de Filhotes (perto do Museu de Arte Sacra dos Jesuítas). Bom, a feira de filhotes eu não vou falar nada porque sou contra este tipo de venda de animais e etc.... Sobre o acarajé eu não tenho parâmetros de comparação para te falar se é bom ou não. Custou R$13,00 mas foi o que eu procurava em meio a tantos restaurantes e lanchonetes do centrinho de Embu, com porções caríssimas (bom, é o que eu achei... tudo muito caro!) e refeições ainda mais caras. A cidade é muito turística, não tem como não encontrar preços acima do normal, infelizmente, pelo menos não neste centro de consumo.
Por falar em comida, há dois restaurantes que eu já fui em Embu das Artes: o primeiro foi o "Tutu's", especializado no porco a pururuca (Endereço: Largo 21 de Abril, 260) e "O Garimpo", com entradas germânicas (porque o dono é alemão) e o carro chefe sendo a moqueca (Endereço: R. da Matriz, 136). Ah, o Garimpo possui um pub que fica aberto somente à noite, sempre com muito bom rock n' roll.
Existe um "Centro Cultural Mestre Assis do Embu" que é meio caidão, com um salão de exposição tristonho e algumas salas de aulas de ballet e música (Endereço: Largo 21 de Abril, 29).
Não vale a pena visitar não... Creio que é algo mais voltado à comunidade do que para o turismo. Mas querendo ou não, para a comunidade é um espaço cultural interessante.
Um ponto interessante é entrar na "Viela das Lavandeiras", que ganhou este nome porque as lavandeiras da cidade costumavam pegar este atalho para chegarem até o rio que fica mais abaixo. As casas da viela hoje são todas estabelecimentos comerciais, majoritariamente de móveis e decoração de interiores. Há um restaurante lá no meio, mas de toda forma, é uma curta caminhada bem gostosa porque os comerciantes a deixaram muito bonita e harmoniosa.
Já em torno e dentro do Largo 21 de Abril, aos finais de semana há muitas telas pintadas a venda. Além das lojas que vendem telas, há esta outra possibilidade.
Passear por Embu das Artes não necessariamente deve ser feito por aqueles que querem comprar móveis, itens de decoração ou algo do tipo. Como as edificações são tão bonitas e ornadas, o legal do passeio é fazer tudo com calma e observar as lojas e suas decorações!
É difícil não se encantar com algumas lojas e não ficar curioso em entrar nelas!
Para visitar existe ainda a "Capelinha", mas sempre que eu vou esta está fechada! O nome oficial é Capela de São Lázaro e eu já vi uma foto de lá dentro e me pareceu mega interessante. Porém, nunca consigo entrar nela! Dentro da igreja há um santo esculpido em madeira feito pelo notório artista que comentei no começo da página: Cássio M'Boy. E o mais incrível que pareça é que, apesar do jeitão bem antigo (eu até pensei que a capela datava d época dos jesuítas) a capela foi feita na década de 1930 justamente para abrigar o santo esculpido do artista!!! O santo fez tanto sucesso que decidiram construir a capela para que os devotos a visitassem dentro dela! Eu nunca iria imaginar tal história!
Como eu não sabia antes de todas as vezes que visitei Embu das Artes que era necessário solicitar acompanhamento do monitor lá na Secretaria de Turismo (que fica a uns poucos metros de distância, lá no largo 21 de Abril, 139), já passo a informação de que tal visitação ocorre das 8h30 às 17h30 de segunda a sexta e das 9h às 18hno final de semana. O endereço da Capelinha é Rua da Matriz, s/nº.
Textos e fotos de autoria de Itinerário de Viagem. A cópia ou reprodução é proibida!
Dicas: Como ir
A cidade fica próxima de São Paulo, cerca de 34km contando do centro de São Paulo até o centro de Embú.
Para chegar lá, a melhor opção é ir de carro (cerca de 50 minutos pela Rodovia Régis Bittencourt).
Para chegar lá de transporte público, você pode ir até a estação do metrô Butantã e pegue um ônibus na Rua MMDC. O ônibus é o 033 Embu das Artes (Engenho Velho) Sao Paulo (Clinicas) e desça na Rua Jandira Sodré, praticamente um quarteirão de tudo o que você quer conhecer em Embu das Artes. A viagem de ônibus é longa, já que só o trajeto do ônibus leva cerca de 01h20min.
Tempo de Visita:
Se você for almoçar ou jantar em Embu das Artes, leve em consideração umas 2 horas para a refeição. Para conhecer todo o entorno da Feira de Artesanato e as lojas, você pode levar cerca de 3 horas. É bem difícil estacionar o carro nas imediações e os estacionamentos variam de R$15 a R$20 o período. Durante a semana não há feira de artesanato, mas é possível conhecer as lojas com mais calma também!
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