Champagne Ardenne é uma das 26 regiões administrativas da France e é constituída por 4 departamentos: Aube, Ardennes, Haute-Marne, Marne. Sua capital é a cidade de Châlons-en-Champagne e é a maior região agrícola francesa, sendo mais de 60% de seu território dedicado à agricultura. Essa primeira posição de maior região agrícola da France é devida sobretudo a seu famoso produto e o motor da economia local: o champagne.
Esta é também a região da Europa que possui o maior número de vitrais antigos. São cerca de 2.000 vitrais preservados que ornam cerca de 300 edifícios. Os mais antigos são aqueles do coro da basílica de Saint-Rémi de Reims e da catedral de Troyes. Ambas foram construídas no século XIII.
A cada dois anos a cidade de Charleville-Mézières se transforma na capital das marionetes e organiza um festival mundial. São dez dias de festa, nos quais participam nada menos que 150.000 visitantes. Para quem vai para a região em 2015, anote: é a Festival Mondial des Théâtres de Marionnettes e acontece nos anos ímpares em meados de Setembro.
TROYES
A cidade de Troyes deve seu nome ao povo gaulois dos tricasses, em homenagem à cidade de Augustobona Tricassium e foi fundada pelos romanos. Impossível não lembrar novamente de Asterix et Obelix, os gauleses mais famosos do século XX e XXI. Possui belas igrejas góticas e um centro histórico bem medieval.
Ande pela Rue Larivey, e é como atravessar um portal tridimensional direto à idade média! Irresistível! Eu já escrevi isso em uma outra página mas vou repetir aqui: quando estive na Deutchland (Alemanha) e tive a oportunidade de conhecer cidades medievais (que sobreviveram aos bomabrdeios da 2ª Guerra Mundial) eu esperava ver algo parecido ao o que encontrei na France. Cidades como Troyes, Rouen e Rennes são as cidades que habitavam no meu subconsciente do que é uma verdadeira cidade medieval. Era isso o que eu esperava e, desta vez, não me decepcionei!
A cidade, como Reims, é conhecida por seus lindos vitrais, mas também por sua indústria de malhas de lã e lojas de fábrica. Se eu encontrei alguma loja que vendesse malhas? Não... Chega a ser engraçado!
Não perca a Cathédrale de St-Pierre-et-St-Paul. Apesar de apresentar uma fachada danificada, vale a pena conferir o seu interior. Ela fica na Place Saint Pierre e possui belíssimos vitrais, alguns com predominância rosa, coisa que eu nunca tinha visto antes (geralmente sempre vemos muito azul).
Aproveitamos para comer um bagel na única lanchonete aberta da cidade e foi neste momento que percebi que há muitos jovens na cidade, mas jovens na faixa etária dos 15 anos. Achei estranho, pensei até que poderia estar acontecendo algum tipo de festival musical, mas não encontrei nada do gênero.
Para andarmos pela cidade, deixamos o carro em um estacionamento subterrâneo e pago, lógico. Não achei o comprovante para informar o valor, mas creio que foi uns €3 por umas 3 horas.
REIMS
Reims é a cidade "sede" das grandes marcas de champagnes francesas e não é por acaso que muitas vinícolas ficam ao seu redor. Mas a fama da cidade não começou com esta bebida, começou antes, quando os reis da France iam à "cidade de coroação" receber a coroa na Cathédrale Notre-Dame de Reims, uma catedral gótica.
Com os bombardeios da 2ª Guerra Mundial, muitas construções históricas foram perdidas, e isso é muito percebido quando andamos pela cidade, porque ela não tem aquela carinha típica que esperamos, mas ainda há bons exemplares que podem ser vistos como o criptopórtico galo-romano na Place du Forum ou o Porte de Mars que é um arco triunfal da era de Augusto que fica na Place de la Porte de Mars.
O hotel que ficamos nos permitiu andar até o centro à pé e rapidamente começamos a conhecer a cidade. Vale a pena passear por ela e observar o cotidiano dos moradores. É uma cidade mais agitada e estava quentinha com o sol que, finalmente, nos acompanhou!
Fomos na famosa Cathédrale Notre-Dame de Reims que possui uma estética harmoniosa e um tamanho monumental. Está no mesmo local desde que foi levantada em 401 (!!!), porém o edifício atual foi construído em 1211. Todas as coroações francesas ocorreram lá até 1825 e inclusive, a coroação de Charles VII foi assistida por Jeanne D'Arc nesta catedral, só isso já bastaria para te levar à cidade já que estes são os fatos que a tornam ainda mais obrigatória a visita. Muitas revoluções e guerras posteriores ocasionaram efeitos negativos ao edifício, mas o que vemos hoje é a restauração finalizada em 1996.
Ainda sobre a Catedral, preste a atenção na Grande Rosácea que é uma janela do século XIII e mostra a Virgem cercada de apóstolos e anjos musicistas. Se puder, espere o pôr do sol para ver o efeito de cores dos vitrais (eu mesma não tive esta oportunidade... o tempo depois ficou bem nublado).
A decoração do prédio consiste em muitos anjos e tem um em particular que chama a atenção por exibir um sorriso enigmático, no lado esquerdo do portão de entrada, tanto que o nome dele é "o anjo que ri". Mais ao topo, na fachada, há um bando de esculturas dos reis, mais conhecida como "Galeria dos Reis". São cerca de 2.300 estátuas enormes sendo 56 de reis franceses. No interior, a grande nave é ainda mais alta que de qualquer catedral francesa.
Lá dentro preste a atenção nos vitrais diferentes e totalmente abstratos, coisa muito incomum (pelo menos no meu conhecimento). Como os vitrais originais foram perdidos nos conflitos que o país sofreu, substituíram por estas peças meio modernas (acho que foram substituídos após a Segunda Guerra Mundial). A catedral está na lista de Patrimônio Mundial pela UNESCO.
Informações da Cathédrale:
Horário de funcionamento: aberto diariamente sendo: Seg das 14-18h, Ter a Sab das 09-12h e 14-18h e Dom das 10-12h e 17h30-19h.
Endereço: 3 rue Guillaume de Machault, 51100 Reims
Dê uma passada no office de tourisme que fica ao lado da Cathédrale e pegue algumas dicas de passeios com eles. O atendimento é padrão francês: mais que ótimo.
Visita à Veuvet Clicquot
Conhecemos as caves da Veuve Clicquot. Para quem não sabe, é um dos champagnes mais requintados do mundo e hoje pertence ao grupo LVMH (que é um grupo que detém outras marcas como Moët & Chandon, Dom Pérignon, Mercier, etc...). Apesar de parecer nhém nhém nhém, não é tanto assim... Não espere muito requinte! É até bem trivial (no pé da letra do dicionário mesmo)
A visita vale a pena para conhecer a história de uma das primeiras empresárias mulher da França (e talvez da Europa), a viúva Clicquot, que prosperou após ser obrigada a assumir o controle da companhia de champagne do seu falecido marido.
Com o aumento da experiência na confecção da bebida, ela testou várias técnicas, algumas usadas atualmente por todas as suas concorrentes, como, por exemplo, o rilling rack, que é o armazenamento para descanso da bebida com inclinação gradual até a posição vertical, permitindo a separação dos sedimentos do vinho, tornando-o cristalino ao invés de arenoso e opaco.
O passeio pela cave de 24 quilômetros é gelado, cerca de 12ºC, mas juro que a temperatura lá fora estava mais fria! Para agendar uma visita, envie email para visitscenter@veuve-clicquot.fr e aguarde confirmação. O preço não é barato, custou €35 (valor de 2014), porém você degusta o brut "top dos tops" no final da visita. Eu não gosto de bebidas brut, mas ok... E não se preocupe que a visita não percorre todos os quilômetros disponíveis, você caminha somente por uma minúscula parte dele.
Vale lembrar que todas as garrafas de Veuve Clicquot são produzidas lá, 100% de todas as garrafas. Estacionamento gratuito do outro lado da rua da propriedade.
Há vários outros produtores na região, sendo os próximos a Reims: Ayala, Billercart-Salmon, Charles Heidsieck, Dom Ruinart, Krug, Lanson, Laurent Perrier, Nicolas Feuilante, Perrier Jouet, Pipeta-Heidsieck, Pol Roger, Taittinger, Tarlant. Perto de Troyes há a Drappier.
Mais tarde eu cheguei a comprar um Billercart-Salmon para presentear um amigo que, no final, nem é mais meu amigo. Lógico que me arrependi por dar um ultra mega top champagne a uma pessoa que praticamente nem existe! Quem dera eu ter tomado a garrafa inteira rsrsrsrs
dicas de viagem para champagne ardenne na frança
Passagens relâmpagos:
Épernay
Épernay é o nome da comuna francesa com a maior renda per capita da France e isso se deve aos escritórios dos maiores produtores de champagne do país. Lá existem várias caves que você pode visitar, mas já estava tarde demais para nos organizarmos em alguma visita sem reserva.
Andamos aleatoriamente pelas ruas e por acaso entramos na apertada loja Salvatori (11, rue Flodoard) e digo que foi uma ótima experiência, porque havia uma portuguesa que nos atendeu maravilhosamente bem e nos explicou sobre as diferenças de valores e qualidades dos champagnes.
Aproveitei e comprei um Resérve brut do Billecart-Salmon para um amigo, mas a garrafa menor de 375ml porque eu já estava carregando muito peso na mala. Por ser um Réserve significa que é top. Em uma loja no Brasil o preço de uma garrafa de tamanho normal (750ml) custa R$298. A de 375ml que eu comprei custou €15 (o equivalente em reais eu não encontrei). Este é só um exemplo, havia vários produtos com preços ótimos, então, vale muito a pena passar nesta loja! Preços melhores que os da Salvatori não encontramos até o final da viagem.
Estacionamos na cidade e gastamos €1 por uma hora em estacionamento na rua "payant".
Verzy
Tivemos um tempo e fomos ao Parque de Verzy a 25km de Reims (ao sul) atraídos pela Faux, um tipo de árvore. No mapa que recebemos do office de tourisme de Reims havia o desenho de uma árvore grande destacada no mapa nos fez acreditar que era um tipo de sequoia ou algo do tipo. Mas chegando no parque vimos umas placas indicando que era proibido pisar sobre as árvores... e nesta hora brinquei: "deve ser uma árvore anã"... e não é que é???
A Faux é uma árvore torta e anã também conhecida como "carvalho anão". Neste parque estão cerca de 1.000 fauxes e todas as as que vimos chegava a ter apenas 1,20m. Na foto ao lado nem dá para perceber que ela é pequena, mas acreditem... ela é pequena¹ Menor que eu!.
No verão a folhagem forma um tipo de guarda-sol e pela foto dá para ver que esta árvore já estava formando a sua proteção. No inverno, a sua forma tortuosa pode ser vista sem folhas.
A faux também é conhecida em outros lugares como na Deutschland (Alemanha - em Suntel, não muito longe de Hanover), na Sverige (Suécia - em Dalby Söderskogs perto de Malmö), na Danmark (Dinamarca), e na cidade francesa Lorena. Ninguém sabe se essas plantações têm a mesma origem ou não. Mas há muito poucas delas e o futuro é incerto. Em Verzy há o cuidado de preservar a espécie com as cercas em volta de cada uma possibilitando aos visitantes admirá-las sem prejudicá-las.
Finalizando...
Em volta de Reims é impossível não ficar cercada das vinícolas famosas. Você anda pelas estradas e simplesmente vê as plantações e nos cantos uma espécie de demarcação de cada produtor (que pareciam pequenas lápides hahaha). A vista é muito bonita, imagina quando cada pé de uva estiver cheio? Deve ser uma maravilha! Aproveitamos as redondezas para tirar fotos da região, até porque quase nunca encontro uma foto na internet. Fomos perto de um moinho de vento que se destaca no horizonte e em um tipo de farol na cidade de Verzenay (foto abaixo e à direita).
Para quem quiser saber mais sobre a localização das vinícolas da região Pays de la Loire e do Centre:
Para quem quiser saber mais sobre a localização das vinícolas da região Champagne-Ardenne:
Mais lugares para conhecer:
TROYES:
A Église St-Nizie ganha um destaque do seu telhado de cerâmica borgonhesa, que é algo que conheci pela primeira vez na Europa Central (mais especificamente em Wien, Budapest e Bratislava). Mais lugares: Musée d'Art Moderne, Hôtel du Petit Louvre, e a 25km de distância fica a floresta Lac et Fôret d'Orient que é uma reserva ecológica com pequenos lagos.
REIMS:
Você pode conhecer a Musée de la Reddition, o Musée des Beaux-Arts, a Basilique St-Remi, o Musée St-Remi e o museu com capacetes militares alemães no Fort de la Pompelle.
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