Descobrindo meu amor pela natureza
Minha mãe sempre amou plantas e flores e eu demorei muito para entender que eu também amo plantas e flores.
Tive a sorte de passar toda a minha infância morando em uma casa grande e com um quintal grande, onde minha mãe conseguia ter uma grande quantidade de plantas. Como criança, não percebia muito a existência do jardim, só quando apareciam as lesmas (achava as criaturas extraterrenas e ficava horas observando-as), os beija-flores, as formigas, borboletas, passarinhos, os caramujos e algumas flores inusitadas e extravagantes. Nunca realmente me aventurei na jardinagem.
Como forma impositiva pela escola, fiz uma experiência de ver o grão de feijão brotar e quase se tornar uma muda a partir de um algodão embebido em água. Mas como ele sempre morria, desestimulou a curiosidade da criança (mal sabia eu que era só replantar em terra adubada rs).
Depois que mudamos para uma casa menor, a ânsia que minha mãe tinha em manter todas as plantas me incomodava um pouco. "Nossa.... planta dá muito trabalho e suja tudo"... este era o meu pensamento! Cheguei até a reclamar com minha mãe que daqui a pouco não teríamos nem mais chão para pisar por conta de tantos vasos que ela trazia.
Bom... um adendo é necessário aqui... minha mãe é um pouco acumuladora e eu surto com isso! Chegou um momento que sim.... ela poderia encher a casa de uma forma muito, mas muito insuportável. Então a minha bronca a fez pensar em qual linha ela iria seguir e funcionou!
Gente... eu nunca gostei muito de ganhar flores cortadas de presente... sempre senti muita tristeza em vê-las mortas nas minhas mãos. Mas eis que um dia a mãe do meu namorado me deu uma orquídea chuva de ouro no vaso. Acho que aquilo me dominou.... achei tão linda e delicada! Mas... chegando em casa, deixei para minha mãe cuidar... me sentia que nem quando tem um bebê recém-nascido de colo, todo mole e alguém me pergunta: "quer carregar?" e eu prontamente falo: "NÃO, POR FAVOR, JAMAIS!"
De lá para cá ela já floresceu duas vezes e todas foram emocionantes! E também acabei ganhando outras: o antúrio, a Dendrobium nobile (eu não tenho certeza), a Orquídea Phalaenopsis Branca e também a Roxa, e eu até comprei uma, a Orquídea Chocolate... esta por sinal é um xodó que só...
Mas acho que o primeiro divisor de águas para mim foi quando conheci a Fondation Claude Monet em Giverny, França. Conhecer a casa e jardins deste artista deve ter me despertado para a real beleza das plantas e flores que estava dormente dentro de mim. Ver pela primeira vez tulipas parrudas (e não aquelas miúdas e fracas de supermercados brasileiros), flores que nem imagino os nomes, uma harmonização com o entorno e uma paisagem que realmente inspira qualquer artista fez com que eu conseguisse reconectar a natureza que, acredito, é intrínseca a quase todos os seres vivos da Terra.
O segundo divisor de águas foi quando fui a Inhotim (leia Inhotim I, Inhotim II, Inhotim III), considerado o maior museu de arte contemporânea da América do Sul, não tinha como não ir... Além da arte, Inhotim é um instituto com projetos arquitetônicos únicos e, para complementar, possui um paisagismo primoroso. Lá é tudo de primeira, melhor que ir a um parque de diversões americano, mil vezes prefiro estar em volta de coisas belas e profundas deste tipo!
Obviamente que, quando fui a Inhotim, só pensava na arte contemporânea... Mas chegando lá comecei a perceber que os elementos arquitetônicos e paisagísticos complementavam toda a experiência artística que eu estava tendo. Comecei a observar as milhares variações de plantas, flores e árvores e aquilo foi me apaixonando de uma forma que nunca, jamais imaginaria.
Como disse anteriormente, credito que o ser humano tem uma relação intrínseca com a natureza. Por mais que não tenha afinidades, a nossa ancestralidade em algum momento é aflorada e a intuição que temos adormecida dentro de nós em lidar com a natureza, desabrocha!
Descobrindo meu amor pela natureza
Foto de Capa: Designed by Freepik
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