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CRÔNICA DE VIAGEM #7: Viajando sozinha
Postado por Estela T em 20/09/2017 Editado março 10, 2019 at 5:38 pm

Fazendo uma selfie improvisada refletida em uma obra de arte no antigo Whitney Museum, NYC

Sugiro a você leitor querido que nunca viajou sozinho a, ao menos, uma vez na vida, fazer uma viagem sozinho. Se possível, planeje uma viagem a um lugar que você nunca foi mas que sente muita afinidade, um lugar que não oferecerá risco de vida e que não seja um lugar remoto na vastidão da natureza (por que se você se perder em meio à natureza selvagem, depois não vai colocar a culpa em mim, sejamos sensatos e adultos).

Se sua agenda de férias não está casando com nenhum amigo ou nenhuma pessoa da sua família, não opte por buscar um pacote turístico e use esta oportunidade a seu favor: viaje sozinho! Não re-planeje sua agenda por causa da agenda dos outros!

A delícia de viajar sozinho já começa por aí: você vê os dias que você pode ir e simplesmente reserva sua passagem. O horário do vôo está bom? Está ótimo! Você nem precisa perguntar mais pra ninguém se o horário é bom, porque se está bom pra você, é porque está perfeito. Depois você escolhe o hotel… e acaba reservando um hostel! Este hostel é bom? Ah… se te agrada muito, então é este. A liberdade de escolha sem ter que perguntar para alguém se é ok ou não ok é o primeiro prazer de se viajar sozinha!

Aí o dia da sua viagem sozinha chega! Você vai pro aeroporto com aquele taxista de confiança (ou UBER), recusando os convites de amigos que queriam te levar. Chega no aeroporto e pensa que está prestes a passar 4 horas em solidão eterna até entrar no avião. Despacha a mala, entra onde deve entrar e começa a comer. Comer o que quer e onde quer! Hey…. tá aí uma coisa que eu nunca havia feito dentro de um aeroporto! Eis o início do segundo prazer da autonomia recém descoberta quando se viaja sozinha! E depois você começa a entrar em todas as lojinhas que nunca havia entrado na vida, porque antes, acompanhada, você somente passa na frente! Hey… tá aí uma terceira coisa que nunca havia feito na vida!

E como passe de mágica, já é hora de entrar no avião. Até começa um desconforto de imaginar sobre a pessoa que vai sentar do seu lado no avião! “Será que terei a sorte de não ter um vizinho de poltrona?” Mas não…. ele chega, na verdade… ela chega. Você dá uma escaneada bem disfarçada na pessoa para tentar captar se ela é uma mala sem alça, se é espaçosa, enfim… Quanto alívio quando você se dá conta que a pessoa é educada, simpática, não mexe nas suas coisas, fica na dela e PRINCIPALMENTE…. não quer bater papo!!!!!! Sorte Grande minha gente!!!!! E quando dá aquela vontade de ir no banheiro? Deixo tudo no meu assento com tantos desconhecidos ao meu redor? Olha… quer saber? Confio!

Outra coisa que percebi fazendo um vôo longo e sozinha é que não há uma necessidade real em conversar com alguém. … tão gostoso ouvir uma música, ver um filme inteiro sem interrupções e chamar os comissários de bordo assim… tão sozinha. Outra coisa legal é que, como você está sem uma pessoa para conversar, acaba observando mais tudo dentro do avião e dá até pra paquerar um pouco em pleno vôo! Então… quarto ponto bem legal para viajar sozinha!

Depois que o vôo aterrisa, inevitavelmente você está louca para falar pra alguém que chegou. Manda um áudio pelo whatsapp para o grupo da família que, às vezes, pensa que você foi viajar para o norte da Nigéria (exemplo este citado aqui porque a tensão está feia por lá, infelizmente).

Espera a mala, passa pela imigração meio apreensiva pensando… “e se por um acaso me barrarem sem motivos? Vai ser chato passar por isso sozinha.” Mas finalmente você está lá… na sua primeira viagem sozinha, em uma cidade que nunca foi, fazendo tudo e absolutamente tudo sozinha!

Na minha experiência, acho que foi a primeira vez que senti na minha vida todos os meus sentidos apurados, porque estando sozinha em um lugar novo você tem que prestar atenção em tudo, escutar tudo, olhar tudo… não tem dessa de relaxar sabendo que alguém vai ouvir por você ou fazer por você. Mas o saldo é positivo porque, por incrível que pareça, me senti viva, me senti plena, me senti livre, eu me senti. Esta é a sexta coisa maravilhosa nesta experiência!

A sétima maravilha é que sozinha, você tem que reativar a sua memória na potência máxima, porque, como não vai poder contar com a memória de mais ninguém, bem alinhado com o sexto ponto!

Você abre o mapa da cidade e visualiza os seus caminhos. Vai até a lugares que uma companhia sua se recusaria a ir, como a um museu nada a ver… tipo, vai até a um museu de botões rsrsrsrs e volta a lugares que talvez um acompanhante iria detestar voltar. Toma vários sorvetes a toda hora, sem atrapalhar o itinerário ou o tempo de ninguém. Senta-se em um banco de praça e fica observando em total silêncio a movimentação da comunidade e, pode até tirar um cochilo sem ser egoísta com ninguém. E quando você tem um amigo na cidade e marca de encontrar tal pessoa? Viajar sozinho você pode encontrar este amigo a qualquer momento e até várias vezes, não precisa deixar em segundo plano nenhuma companhia de viagem e nem precisa ficar explicando tudo sobre o que você está conversando para deixar a companhia a par do assunto. Então a oitava maravilha é a liberdade de ir e vir quando e como quiser!

A nona liberdade é na hora de comer! Sozinha você entra em qualquer biboca e resolve a fome na hora. Não fica rodando ruas e ruas até encontrar um lugar que agrade a todas as suas companhias e foge daqueles restaurantes pasteurizados e turísticos. Bem como ir a um mercado, feira ou supermercado, eu adoro bisbilhotar a cultura de um lugar pela comida ainda não pronta, e  se eu puder cozinhar, com certeza parto para esta estratégia, o que não poderia agradar a todas as companhias de viagem (par anão perder tempo com estas coisas). Além disso, eu tenho restrições alimentares, então eu fico bem à vontade sozinha porque é tão mais fácil resolver estas questões!

E para fechar, a décima vantagem em se viajar sozinha é que você percebe que você pode tudo! Pode e consegue se comunicar com muitas pessoas, percebe que é mais paquerada do que quando acompanhada, aprende muito mais a língua local, faz mais amizades, enfim… É uma baita experiência que eu quero repetir o quanto antes!

 

 

Notas de rodapé: lógico que viajar bem acompanhada é uma delícia! Escolhendo ótimas companhias, nunca será uma experiência ruim. As risadas com as grandes amizades, as fotos juntas ou separadas, os perrengues compartilhados e a mão amiga é assunto para outro post 😉

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