O tempo de uma viagem não foi feito pra descansar
Quando eu viajo me preparo psicologicamente que virão dias de nenhum descanso. Pois é…. quando viajo, não consigo dormir nem 8 horas por noite, tenho a necessidade absurda em acordar o mais cedo possível, dormir o mais tarde possível e bater perna o máximo que posso. Consequência disso é que eu fico com uma cara muito, muito, mas muito cansada em minhas fotos. Porém, minha felicidade e satisfação são tão imensas, que nem me importo em sair ‘pimpona’ nas fotos. O bom e velho amigo óculos escuros, vem a calhar.
A gente fica meio criança quando viaja, não é mesmo? Aquela cidade lá, todinha pra ser explorada e o seu cérebro vazio, cheio de caixinhas para serem preenchidas com idéias, conhecimentos, sensações, sons, sabores, enfim…. um monte de coisas novas, não dá pra ser adulto nestas horas. Bem como um museu! Nossa…. não consigo baixar a excitação em ver tudo ao mesmo tempo. Preciso sempre respirar, me concentrar, parar, pegar o mapa do local e racionalizar: primeiro vou aqui, depois lá…
A melhor coisa do mundo é quando se tem tempo para explorar tudo com qualidade. Por exemplo, quando estive em New York, fui e voltei diversas vezes ao Metropolitan Museum. Primeiro porque a entrada era mega acessível (financeiramente falando), segundo que, como ele é grande, não dá pra absorver arte a rodo em apenas um dia. Separei as “alas” do museu em vários dias. Digamos que de todos os grandes museus do mundo, este foi o que eu explorei inteiramente. Ah….. o tempo….. seu grande amigo quando você o tem!
Eu já fiz a burrada de querer conhecer vários lugares em um curto período de tempo. Aprendi quando percebi que é impossível fazer uma viagem com qualidade quando você não tem tempo suficiente. O pior de tudo é que eu fiz esta viagem pinga pinga em diversas cidades e países diferentes. Foi ótima de todo jeito, lógico que sim. Mas aprendi a respeitar meus limites e a respeitar as minhas expectativas. Nunca mais consegui somente passar por uma cidade. Nunca mais quis conhecer tanta coisa junta. Nunca mais me desrespeitei.
Além disso tudo, estou envelhecendo. Isso não posso controlar. Então resolvi que, no meio de uma jornada de viagem, ao menos um dia é ‘light’. É aquele dia que acordo após 8 horas de sono, faço tudo em slow motion até sair do hotel e tento ir a parques ou jardins botânicos. O contato com a natureza parece que recarrega as minhas pilhas.
Na viagem a NY (2014) coloquei este meu raciocínio em prática. Como estive por um pouco mais de 2 meses na cidade, em cada mês que estive lá, reservei um dia inteiro pra ficar ‘em casa’. Ok…. você deve estar pensando…. ‘a cada 30 dias você descansava apenas 01?’. Mais ou menos isso, meu caro leitor… Como eu não queria ficar doente por lá, em alguns momentos a cada semana eu baixava a bola, além de um dia de ócio total, uma vez por mês. Para respeitar meu corpo, nos dias de “pegar leve”, voltava a lugares que amava, como o Chelsea Market, e mal tirava a câmera da bolsa para fotografar… apenas caminhava lentamente, observava a movimentação dos turistas, comia devagar e seguia em frente em um ritmo mais contido.
Recentemente eu fui à Itália, mais precisamente na região de Roma e um pouco mais ao sul, e esta foi a primeira vez que viajei com um namorado numa viagem internacional. E esta foi a primeira vez dele na Europa. Com todo o meu background, tive que baixar a bola dele para não cair no mesmo erro que cometi no passado. Ele queria ir pra Veneza, Florença e fazer tudo o que fizemos. Mas o poder estava nas minhas mãos e foi eu quem fez o roteiro. Expliquei a ele que, apesar dos países Europeus parecerem pequenos em relação ao Brasil, nos enganamos facilmente que tudo é perto.
Ele confiou em mim e tenho certeza que, estando lá na Itália, ele percebeu que tomei as decisões corretas em nos concentrarmos em uma pequena região. Lógico que a vontade de pegar um trem e dar um rolê em Veneza foi grande, mas todas as coisas belas das poucas cidades que passamos preencheu todo o nosso tempo e atenção que, no final, acabamos ficando sem tempo.
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