"Eu comecei a viajar pra lá Oceano Atlântico tarde... A razão? Na verdade várias razões, mas a maior era: Medo de avião! Sim... Estar em um avião por 3 horas ok... mas mais que isso era uma tortura para mim. A culpa foi minha, lógico, porque eu sempre assistia a filmes de desastres aéreos e achava que morreria assim.
No final de 2010 reencontrei uma amiga da adolescência. Conversa vai e conversa vem acabamos identificando vários pontos em comum e um deles foi: conhecer a Turquia. Fiquei super empolgada porque eu queria ir mas ninguém queria ir comigo até então! Pronto! Achei uma parceira que ia topar viajar a lugares que quase ninguém planejava ir (naquela época).
Eu nunca priorizei viajar a Paris, Roma e Londres, como a grande maioria dos meus amigos e conhecidos faziam naquela época. Eu queria ir a lugares exóticos, lugares de cultura bem diferente da minha, ver ruínas romanas e gregas, sentir uma natureza diferente da brasileira, enfim... Tinha que ser a Turquia.
Quando eu era criança, passei boa parte dela indo e vindo na Produtora de Vídeos e Filmes de meus tios. E em uma prateleira da empresa havia um punhado de revistas da National Geographic. Eu folheava cada folha com muito entusiasmo, imaginando que quando crescesse eu ficaria feliz em trabalhar em algo que pudesse conhecer lugares como aqueles.
Como sou budista, sempre aprendi que explorar o mundo e ir ao encontro das pessoas de diferentes culturas deve ser colocado em prática, porque devemos conhecer o mundo que vivemos para tentar compreender os conflitos, as dificuldades, as esperanças e virtudes do ser humano.
Devo admitir que sou uma arquiteta frustrada... sim... quando decidi qual carreira seguir, eu tinha no topo da lista a arquitetura. Não fiz, mas continuo apaixonada pelo tema e sempre que dá, estudo um pouco.
Na minha adolescência, devorava as enciclopédias de minha mãe. Como não havia celular e internet, o jeito mais fácil para conhecer as coisas do mundo era através dos livros. Tive sorte por ter uma mãe que ama livros e tem uma variedade enorme de temas. Lia todas as enciclopédias e uma delas falava muito sobre o mundo grego. Nossa... que descoberta! Cheguei a fazer um esquema com a árvore genealógica de cada personagem da mitologia.
Também sempre fui apaixonada por arte. Na época eu tinha um conhecimento bem raso, comparado com o que tenho hoje. Era muito focada só nos impressionistas e surrealismo. Mas a coisa mais legal de viver é que, a cada ano que passa, aprendemos muito mais e conhecemos muito mais. Então, pra quê pressa em ser expert em arte?
Pronto... Acabei falando um pouco de tudo o que gosto e sobre os fatos da minha vida que me inclinam até hoje ao atual perfil de viajante.
Daquela primeira conversa de 2010, comecei a colocar o plano 'Viagem à Turquia' em prática. Precisávamos definir datas e conciliar as agendas de duas workaholics. A data escolhida para o feito foi Maio de 2012, porque eu já tinha férias programadas para 2011.
Comecei a pesquisar e como dinheiro não nasce em árvore, pesquisei tudo o que foi possível para realizarmos uma viagem segura e sem gastos exorbitantes.
Por incrível que pareça, em 2011 eu não encontrava muitas informações sobre a Turquia. Fiquei frustrada. Queríamos viajar por este país de carro, livres de pacotes turísticos. Imagina? Nós, tão independentes viajando de pacote turístico? Nem pensar!
Pois é.... não rolou... não consegui informações suficientes para realizar uma viagem 'by ourselves' e deu o maior medinho me jogar num país totalmente desconhecido, com língua complicada, com cultura diferente, enfim... Fomos atrás de uma agência de viagens. Aproveitei e incluí alguns dias em Paris, já que a conexão era lá.
Ué... mas você não disse que não priorizava Paris? Pois é... eu admiro demais a França. Eu disse que nunca havia priorizado mas não disse que não estava na minha lista 😉
Tudo pronto e resolvido, só faltava o dia da viagem chegar. O countdown para a data era interminável! Faltavam 6 meses e foram os 6 meses mais longos da minha vida. No fundo eu estava tensa em ter que encarar o avião sobrevoando o Oceano Atlantico, mas a vontade de enfim conhecer a Turquia, também me angustiava.
Minha amiga me tranquilizava, falando que viajar de avião é uma delícia, que ela dorme, fica de boa e tal. E eu só pensando: 'quero pensar assim'.
E depois de 50 anos, a data da viagem chegou! Me sentei no avião chocada em ver como ele era grande! Nunca havia entrado em um avião tão grande! Olhava para todo mundo a fim de identificar se alguém estava com reações diferentes do tipo 'tô com pressentimento que o avião vai cair'. Mega paranóica! Nos sentamos na poltrona e disse a minha amiga: 'Estou tensa, morro de medo de avião'. E ela me respondeu: 'Vou ser sincera que também fico tensa em avião'. Aaaahhhhh!!!!!!.... não fala isso! Não pra mim!
Não consegui dormir a viagem inteira. Em nenhum momento. Minha perna inchou e eu fiquei pensando que teria trombose em pleno vôo. Andava pra lá e pra cá no avião que estava todo escuro enquanto todos, eu disse, todos dormiam tranquilamente.... e eu lá em pé, no meio do corredor que nem filme de terror. E depois de mais 50 anos, chegamos a Paris para a conexão.
Tínhamos um tempo até pegarmos outra tortura aérea e eu simplesmente sentei no saguão do Charles de Gaulle e dormi do jeito que sentei. Igual a uma mendiga! Toda jogada, abatida! Imagine a cena! Pois é... aconteceu comigo.
O outro vôo eu estava tão cansada em pensar no medo de estar dentro de um avião, que ele acabou durando as horas que deveria durar (3 horas.... o meu tempo suportável até então). Mas na hora do pouso minha cabeça quase explodiu! Pronto! Estava quase superando o medo de voar e isso acontece? Mas, como vocês podem imaginar, deu tudo certo e hoje, depois de muitos vôos em minha vida, fico muito relaxada e tranquila. Tive sorte de nunca pegar uma turbulência forte mas ainda tenho um medinho comigo!"
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