Começou ontem, dia 20 de Julho, o 21º Festival do Japão comemorando 110 Anos de Imigração Japonesa na capital Paulista. A atração é muito bem estruturada e conta com muitas interações da cultura japonesa com muitos representantes de várias partes do Brasil. Mas corre porque o festival vai só até domingo, amanhã, dia 22 de Julho!
O Festival do Japão começou em 1998 quando o KENREN (Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil) resolveu fazer o festival para comemorar os 90 anos da imigração japonesa no Brasil, com o objetivo, lógico, de divulgar a cultura japonesa e transmitir as tradições e os conhecimentos culturais para as novas gerações. De lá para cá, o festival foi tomando outras proporções e atraindo muito mais pessoas, precisando ser alocado em um espaço maior e é por isso que hoje ele é realizado no Centro de Exposições Imigrantes (atual São Paulo Expo Exhibition & Convention Center), perto da estação do metrô Jabaquara. Aliás, o festival disponibiliza ônibus gratuito no terminal Jabaquara. Com monitores indicando o caminho desde a catraca do metrô, já digo que o ônibus é extremamente confortável, com ar condicionado e até televisão. O trajeto é curto, mas o carinho que eles proporcionam ao visitante não tem preço!
Um dos pontos mais legais do Festival é a comida que, como em qualquer outro festival de cultura que se preze, tem que ter comida, e da boa! Porém, o que acho interessante neste festival é que dá para provar comidas típicas de cada província do Japão. Engana-se quem pensa que as iguarias culinárias são todas homogêneas em um país tão pequeno! No Japão, assim como no Brasil, existem as regionalidades e peculiaridades que as diferem!
Provamos um sobá de Okinawa que estava bem leve e gostoso (R$30). O caldo é a base de carne de porco, o que deixa o prato bem marcante! Para quem não sabe, sobá é um prato de macarrão em um caldo com alguns acompanhamentos. Geralmente é servida bem quente e se come muito no Japão. Confesso que é um dos meus pratos favoritos da culinária japonesa. Dependendo da província, a iguaria recebe outro nome e os ingredientes vão mudando como os acompanhamentos, o jeito que se é feito o caldo e o tipo de macarrão, portanto, em outros lugares você encontra os equivalentes lamen, udon e somen (este último geralmente é servido frio).
Tentei tomar um Amazakê da província de Miyazaki e realmente não me agradou o paladar. Para os que estão habituados a restaurantes japoneses abrasileirados, já alerto para não provarem porque, até eu, que sei o que é comida japonesa típica de raiz, desconhecia esta bebida e achei o gosto muito, mas muito horrível. Para mim, tem gosto de missô quente e doce. Possivelmente agradará os japoneses mais tradicionais e mais velhos, mas vale a pena repassar aqui o que eu aprendi sobre o amazakê: ele é a base de arroz que se faz o sakê (bebida alcoólica típica japonesa) e quando a massa está prestes a fermentar, todo o bagaço é retirado e separado do líquido, desta massa de bagaço, junta-se o saquê, temperos e é daí que se vem o amazakê, mais difundido no sul do Japão.
Também provei um delicioso tempurá com camarão que, apesar de ser bem básico, confesso que estava muito bom, bem sequinho, crocante e delicioso. Olha que sou muito chata com qualidade de comida e este passou no meu crivo! Muitos dizem que o tempurá possui influência jesuíta portuguesa, porque a globalização já acontecia antes mesmo do "descobrimento" do Brasil.
Além das iguarias japonesas, o festival conta com barracas diversas e encontramos desde cocada cremosa, milho (com receitas típicas mineiras), sorvetes italianos e até acarajé. Provamos um sorvete de gengibre do estande do Gengibre de Ubatuba que estava divino! Havia barracas de frutas e legumes e até flores para vender.
Todos no mês de Julho, os anos os organizadores do Festival procuram levar atividades diferenciadas, além de novidades, curiosidades gastronômicas, tecnologia e dicas de saúde e bem-estar. São muitas entidades e instituições públicas e privadas do Brasil e do Japão que participam do Festival. Um dos espaços que chama a atenção é voltado à 3ª idade onde a pessoa é convidada a entrar, tomar um chá, comer um quitute e recebe massagem por 20 minutos! Minha mãe foi e adorou!
O Festival conta com dois palcos, o primeiro, próximo à entrada, é maior e provavelmente terá mais atrações no sábado e domingo. Veja a programação clicando aqui: Programação do 21º Festival do Japão. O segundo palco, no fundo da feira, é um pouco menor mas nos presenteou com uma bela apresentação de taikô de várias associações que lidam com tal instrumento japonês! Para quem não sabe, o taikô é um conjunto de instrumentos de percussão e que provavelmente surgiu através do intercâmbio entre as culturas do sudeste asiático com o Japão entre 300-900 d.C. O som do taikô é como um trovão! Confira o vídeo mais abaixo!
Um espaço muito legal para conhecer, até mesmo para quem não tem filhos, é o Espaço da Criança com estandes com muita interação muito bem elaborada para elas: atividades de escoteiros, trabalhos manuais com material reciclado, oficina de oniguiri (bolinho de arroz), oficina de cerâmica (argila), enfim, muitas atividades gratuitas para os pequenos!
O único aspecto negativo da feira é que no primeiro dia do evento, nem todas as iguarias estão disponíveis e havia um estande de uma província japonesa não instalada, estes itens só ficarão disponíveis no sábado e domingo, o que achei muito chato já que as pessoas que vão na sexta não possuem desconto algum em relação a outros dias.
Não tem como ter um festival japonês e não ter os famosos ikebanas que são arranjos de flores decorativos. É uma técnica onde a sutileza e harmonização tomam conta! Vi uns exemplos lindíssimos! Ficam próximos à entrada do Festival e, logo depois, você avista um instrumento de percussão onde os instrutores te ajudam a tocá-lo com os bastões! É muito interessante e divertido!
Do lado de fora há o Espaço Cultural com estandes muito divertidos para todas as idades, com oficinas de sumi-ê (pintura japonesa usada para desenhos ou caligrafia), oshibana (técnica de manipulação de plantas para formar uma composição gráfica), origamis em tecido, enfim... muitas oficinas.
O primeiro dia de feira é considerado mais vazio em relação ao final de semana, mas garanto que ontem estava muito cheio! É muita coisa para ver, experimentar e fazer e levamos 6 horas no festival e ainda ficou faltando algumas coisas! É uma programação para o dia inteiro!
Informações:
De 20 a 22 de Julho (sexta das 12h-21h, sábado das 09h-21h e domingo das 10h-18h)
São Paulo Expo Exhibition & Convention Center - Endereço: Rodovia dos Imigrantes, km 1,5
O local possui estacionamento e custa R$45 o período e bicicletário gratuito
Transporte gratuito da estação de metrô Jabaquara das 08h às 22h na Rua Anita Costa.
Entrada: antecipado online R$22, na bilheteria local R$28. Gratuito para menores de 08 anos e acima de 60 anos. Entrada para estudantes apenas na bilheteria com comprovante (R$14)
A maioria dos estandes não aceitam pagamento com cartão (débito e crédito), por isso é recomendável levar dinheiro
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