A região de Mendoza é uma das mais importantes da América do Sul por conta da sua produção vinícola ou vitivinícola, incluindo vinhos de destaques mundiais! E é por isso que esta cidade estava na minha lista há um bom tempo porque eu adoro vinho!
O texto em preto é registro da viagem da Gi realizada no verão de 2017. Já o texto em azul é o registro da viagem da Estela feita no início da primavera de 2024. Desta forma, você poderá saber quem escreveu o que e como a paisagem muda dependendo da época que se vai.
Eu estava em Ushuaia quando fui para Mendoza, mas há vôos diretos de SP-Mendoza que dura cerca de 3h30min o vôo.
Lá eles me falaram que dentro das regiões cadastradas e consideradas globalmente como capital do vinho está Mendoza. Mas este é um racional mais para excluir o Chile deste grupo e validando apenas o lado Argentino. Birras à parte, vale a pena falar dos primórdios da produção do vinho e foi o que eles me contaram: a cidade começou esta produção de uva para a produção do vinho, principalmente no final da Segunda Guerra Mundial, onde muitos italianos perderam suas plantações lá na Itália, vivendo em situações péssimas. Neste contexto, o governo Argentino, mais especificamente em Mendoza, estava com um projeto de povoar a região, até porque é uma região muito próxima do Chile, e desenvolver a agricultura local.
Eles perceberam o potencial do plantio da uva no local por conta das mudanças bruscas de temperatura e é o que caracteriza os locais para o plantio de uva para para a produção do vinho (de manhã faz muito calor e à noite faz muito frio). Desta forma, o governo Argentino se organizou e mandou uma proposta para a Itália onde eles receberiam imigrantes que tinham interesses para desenvolver este tipo de agricultura, mas o pré-requisito do imigrante era o know how do plantio da fruta para a produção do vinho. As terras foram quase a zero custo e com isso, vários italianos imigraram para a região.
As pessoas começaram a testar diversas sementes de tipos variados de uvas e uma das que deram mais certo foi a uva Malbec que é hoje a principal e mais famosa uva utilizada na produção dos vinhos da Argentina. Vale ressaltar que, o Malbec é um tipo de uva francesa e principal variedade da região de Cahors, também presente em Bordeaux. Na época da implementação da agricultura de uvas para vinhos na região de Mendoza, o Malbec era mal visto na França.
Em Mendoza existem 5 áreas de produção de uva, assim como funciona na França, cada região possui uma característica própria de uva, principalmente pela diferença de sol. Assim, você consegue perceber as diferenças do vinho de Mendoza. Duas das cinco áreas foram classificadas junto a um órgão internacionais como "zonas de denominação de origem" (DOC), ou seja, somente o vinho produzido naquele local é que pode ter um dado nome. Existe um conjunto de regras que os produtores devem seguir para poder colocar no vinho aquela denominação de origem. A maioria das garrafas que saem daquela região, você lê o tipo da uva e qual a região onde este vinho foi produzido, porque faz muita diferença de tomar um vinho de uma determinada região e outra.
Várias das grandes vinícolas ou as vinícolas boutiques que possuem vinhos de alta qualidade, possuem diversos vinhos provenientes de várias das 5 áreas de produção de uva. Fazendo a visita em algumas delas, você pode fazer a degustação dos diferentes tipos de uvas de regiões também, variando a qualidade e idades. Uma das coisas que me marcou foi ter percebido que a mineralidade do solo é de total importância no resultado final do vinho (que é o "terroir", sendo lá um solo argiloso, com muita areia e pedras), a diferença é tão grande que às vezes nem parecia que eu estava bebendo vinhos do mesmo tipo de uva! Também conheci os vinhos misturados, com Malbec de regiões diferentes, trazendo diferentes e interessantes notas. Algumas bodegas servem o Malbec branco, que vale muito a pena experimentar!
As vinícolas mais conhecidas ficam nos departamentos de Luján de Cujo, Maipú e Valle de Uco. Em Luján de Cujo é a única região que possui a denominação DOC.
Além do Malbec, a região também possui a uva Cabernet Franc, que eu gosto muito e provei uns muito bons por lá. Eles também plantam várias outras uvas como o Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Mas cerca de 70% a 80% é Malbec.
Há uma outra região nova*** e já está muito famosa pela produção dos vinhos mais "tops". Nos últimos anos eles estão plantando no início da Cordilheira dos Andes e com isso, a produção da uva é de alta qualidade.
A região de Mendoza é uma região desértica o que nos faz questionar como a cidade ficou tão famosa pela agricultura. Pelo o que eu entendi, a região antigamente foram ocupadas por Incas, um povo que já tinha muito conhecimento sobre a agricultura e totalmente adaptados quanto ao plantio em locais montanhosos e desérticos. Eles construíram alguns canais para levar a água do derretimento das geleiras e fonte de água dos topos das cordilheiras para abastecer as cidades. Então,já haviam vários canais já construídos nesta região, além de um sistema de irrigação. Depois deles vieram os Huarpes que melhoraram o sistema e por fim, os Espanhóis.
Você pode observar os sistemas los entre as ruas e calçadas as grandes valas dos canais são visíveis. A guia que estava nos acompanhando disse que não há sequer um Mendozino que não caiu em um canal, portanto, nós turistas, deveríamos redobrar a atenção.
Apesar disso, o sistema de irrigação empregado hoje é moderno, não é da época dos Incas, mas isso ajudou a região a ser sempre um potencial na agricultura, porém, cidade sofre em vários momentos do ano com a seca e falta d'água.
No dia que eu fui estava um céu azul lindo e observei a presença de uma nuvem grande com formato esquisito. As pessoas de lá logo me alertaram que aquela nuvem não era bom sinal, e que estava por vir uma geada muito forte. Parece que esta época isso acontece muito, na época da colheita que é Março. Estas geadas podem gerar perdas muito grandes porque as uvas são congeladas. E no final da tarde a geada tomou forma, caiu muito gelo, mas muito gelo mesmo! Teve até carro que amassou e todo mundo teve que sair das ruas. Este fenômeno acontece principalmente por causa dos Andes onde os ventos frios vão ao encontro com os ventos quentes de Mendoza.
Já no final de Setembro/2024, um dia antes de chegarmos houve o fenômeno denominado como "Vento Sonda", o que ocasiona temperaturas altas na cidade, muito vento, ar muito seco, muita neve na Cordilheira dos Andes e também leva as pessoas a terem problemas respiratórios, o que me acometeu muita falta de ar, mas nada muito grave. Além disso, com o Vento Sonda, o pouso do nosso avião foi um tanto medonho, mas estou aqui escrevendo o que houve, então deu tudo certo.
Existem vinícolas que são desenhadas para produções gigantescas, dedicadas a vinhos mais simples e geralmente consumidas par aum público que está começando a apreciar a bebida. Não são ruins, lógico, mas como a produção é em massa, o preço é mais acessível. Obviamente algumas vinícolas grandes também possuem lá as suas linhas de vinhos "tops", mas não é o maior volume vendido. Por isso que existe certo preconceito em relação a tais vinícolas de produção muito grande, visto que o maior volume acaba sendo destinado a vinhos de mesa e para "iniciantes" (digamos assim...).
O meu fator de escolha para conhecer uma determinada vinícola é primeiramente conhecer mais sobre o processo de produção do vinho. Para mim foi muito interessante aprender sobre os diferentes processos de produção e por isso que fui a vinícolas pequenas e grandes. O segundo fator de escolha é conhecer vinhos bons e muito bons para poder provar e comprar no local de produção, porque é muito mais barato. Além disso, alguns vinhos de lá não são facilmente encontrados aqui no Brasil, então, nada mais apropriado do que abastecer a minha adega com tais vinhos!
Recebi uma lista de dicas de amigos que amam vinho e foram pra lá e me deram muitas recomendações. Fui a vinícolas que ficam no Valle de Uco, Maipú e em Luján de Cuyo. Inclusive fui a uma vinícola que fica na cidade **.
Para quem ainda não tem uma metodologia estabelecida, os Mendozinos nos falaram que lá estão mil bodegas e muitas possibilidades de vinhos. O importante é experimentar e decidir qual a sua preferida. Nos falaram ainda que não existem vinhos bons ou ruins, cada pessoa tem o seu paladar e que marcas como Catena Zapata e El Enemigo caíram nas graças dos Brasileiros e eles não entendem por que... mas que cada um possui o seu valor e cada cliente a sua preferência. Por lá, muitos preferem o Trapiche, por exemplo.
Uma das coisas que eu fiz questão foi me hospedar em um hotel dentro de uma vinícola para poder caminhar com calma na vinícola, conversar com as pessoas, acompanhar o processo de produção, além de ter uma vista muito bonita. O hotel em questão é o Rosell Boher Lodge (Endereço: Entrada Ruta 86). Neste hotel eu fiz um curso de culinária e aprendi, dentre outros pratos, a fazer Humitas (que é uma receita com milho muito tradicional da Argentina e que parece com a pamonha, dependendo da região da Argentina. A receita que aprendi não parecia pamonha, era mais como um creme de milho. Existem vários lugares que parecem oferecer um curso de culinária... é só buscar na internet. Além disso, existem várias vinícolas/bodegas com hotel.
O local é de uma família que se instalou por lá há muito tempo, abriram falência e a vinícola foi comprada por uma outra pessoa mas o enólogo que trabalha lá é da família e são produtores principalmente de espumantes, mas também produzem vinhos de alta qualidade.
Adorei a experiência de estar neste lugar porque ele é lindo. Fiquei em uma espécie de "casinha". No terreno, há um prédio de dois andares com áreas comuns como restaurantes e recepção e alguns quartos um pouco mais baratos. Fora deste espaço, há as casinhas onde você se hospeda equipada com cozinha, sala de jantar/estar, janelas gigantes viradas para a vinícola, quarto com sacadas com espreguiçadeiras, ofurô. A vista é incrível sobretudo pela manhã! Quero voltar para poder curtir mais este lugar. Além disso, o restaurante é muito bom!
Nesta vinícola eu filmei com o drone e antes de ir embora, aproveitei para acompanhar a colheita manual (eles também fazem a colheita com máquinas) e achei muito interessante porque aprecia um processo muito antigo, cada funcionário com um cesto colhendo as uvas e levando para um cesto maior e fazendo isso, cada um ganhava uma moedinha e que, no final, eles trocam as moedas pelo pagamento do dia. Também chequei o cuidado que eles tem no processo.
Uma das coisas que aprendi em Mendoza é que dependendo do tipo de método utilizado na produção, determina-se a qualidade do vinho. Por exemplo, eles colocam duas parreiras enfileiradas lado a lado com uma certa distância, elas crescem e depois adicionam uma parreira em cima das duas, ligando-as. A uva cresce subindo as parreiras e este método é altamente produtivo, já que as uvas do topo das estruturas de parreiras recebem mais sol do que aquelas que ficam nos pés da parreira, as uvas que recebem mais sol, além de ter mais frutos, elas acabam se tornando uvas de qualidade mais inferior porque recebem mais água e sol. Aquelas uvas de alta gama (nível superior) não são produzidas com este método. Neste método a colheita é feita manualmente.
Outro método que existe é a produção chamada de "espalda", que só usam a parreira fincada no chão, sem a ligação em cima. A uva fica mais embaixo e a colheita é feita por máquinas que vai puxando os cachos, lógico que ocorrem perdas neste processo. Estas uvas geralmente possuem menos água, são mais densas e caracterizam a qualidade diferenciada.
Fiquei só 2 noites nesse hotel porque era caro e depois fiquei no centro pra poder sair à noite. No centro fiquei num hotel chamado Huentala que é muito bem localizado. Achei o quarto ok, nada demais.
Recomendo visitar umas 3 vinícolas por dia porque senão o seu limite alcoólico vai ser ultrapassado. É importante saber que a cada visitação, você degusta de 3 a 4 taças em cada!
Procurei vários cursos sobre vinho e para sommelier mas todos os cursos que achei tinha duração de 1 mês ou mais porque eles são cursos de 2x por semana à noite com 3h por dia. Achei poucas opções de intensivos e nenhum estava ocorrendo no período de Março.
As maiores vinícolas da Argentina são: Trapiche, Zuccardi, Norton e Catena Zapata. Quase todas (a grande maioria) possuem uma interligação porque ou são vinícolas da mesma família, ou são vinícolas do mesmo grupo. Tentei visitar algumas delas e é necessário fazer reserva antecipada para visitá-las (entre nos sites de cada uma que quer visitar e mande email!). Os preços das visitas + degustação variam conforme o tipo de visita que você deseja fazer, mas os valores variam entre R$150 a R$250,00
A saber: o termo "bodega" é a denominação usada para os lugares que são produzidos o vinho e "vinícola" é o termo utilizado para a produção agrícola da uva. Você pode visitar várias vinícolas sem bodegas, por exemplo.
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Bodega El Enemigo
No primeiro dia eu visitei a bodega El Enemigo (que foi de longe a minha favorita em termos de vinho). Infelizmente não consegui realizar a visitação na vinícola porque o rapaz que iria nos buscar se atrasou muito e o resultado foi que só chegamos lá para almoçar.
Dizem que a visitação é muito boa, terei que voltar para checar s eé mesmo, mas acredito que sim! As 5 estrelas abaixo classificadas ficam pela qualidade do vinho e pela estrutura do lugar que notei enquanto estive por lá!
Almoçamos e adorei muito, além do vinho, lógico. O vinho que indico é o Gran Enemigo . Uma curiosidade é que esta bodega é do sommelier da Catena Zapata, muito amigo do Sr. Zapata e o vinho Gran Enemigo foi um vinho de alta gama que eles criaram juntos. Não é um vinho barato, imagine, se lá não é barato, imagine aqui! Custam mais de $1.000 pesos, um pouco mais de R$200. Pode ser que você encontre eles auqi no Brasil por uns R$500-600. O Cabernet Franc também é produzido lá e é igualmente bom.
Queria muito ter tido mais tempo para visitar a vinícola com mais calma, mas como já tinha agendado a visitação em outra vinícola, tivemos que sair correndo da El Enemigo.
Os valores do passeio + degustação pode variar de R$150-R$250,00. Faça reserva antecipadamente pelo email!
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️⭐️
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La Rural
A segunda vinícola visitada foi a La Rural e escolher visitá-la surgiu da minha experiência de 3 meses diretos no fim do mundo da Argentina. E por lá, vira e mexe eu comprava o vinho da linha Rutini que custa cerca de $500 pesos na região. Como eu gostei muito deste vinho, quis conhecer a vinícola e chegando lá, a visitação foi muito ruim, não sei se foi azar, mas a moça que nos acompanhou na visitação fez o tour pela vinícola de forma muito rápida, além de explicar tudo muito rápido, demonstrando falta de interesse em receber os visitantes. Eu entendo e falo muito bem o espanhol, não foi por falta de conhecimento pessoal na língua que eu achei que ela falava muito rápido, mas simplesmente ela demonstrou muito desdém. Uma das coisas legais é que há um museu do vinho, mas novamente a moça que nos acompanhou explicou tudo muito rápido, o que valeria muito a pena se ela não tivesse o pesado papel de nos explicar tudo daquela forma rápida e nada cortês. Mas independente disso, gostei do museu e me pareceu que este está todo reformulado há pouco tempo. Na degustação outra decepção: nos ofereceram o vinho de pior qualidade! Imagina você que acabou de sair do El Enemigo, tomou um vinho de altíssima gama e agora está tomando um vinho de baixíssima qualidade! Foi péssimo! A pior visitação com degustação de todos! Lógico que dava para comprar na loja um Rutini. A dica que dou é a seguinte: não paguem pela visitação. Simplesmente vão até a vinícola, visitem o museu e comprem algo na loja. Só.
El Museo del Vino: aberto de Segunda a Sábado e feriados das 09-17h30 (último tour guiado às 16h). Fechado aos domingos.
Nossa classificação: ⭐️????????
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Catena Zapata
No outro dia, o dia rendeu porque não tivemos atrasos! A terceira vinícola visitada foi a Catena Zapata que é muito linda, a bodega tem formato de pirâmide maia/asteca. A moça que nos acompanhou explicou tudo muito bem e lógico que eu perguntei muito sobre o processo. Visitamos tudo: onde ficam os barris, as degustações internas, a adega de vinhos antigos,
A ideia de que quanto mais velho o vinho melhor, na visita eu aprendi bem: o conservante do vinho vem do próprio barril e quando este fica em contato com a bebida, aporta conservantes naturais de certos tipos de madeira (como o carvalho francês ou americano), no produto (além de sabor). Quanto mais tempo o vinho fica no barril de madeira, mais tempo ele dura. Além disso tudo, o barril é utilizado mais de uma vez, sendo que a primeira vez que ele é utilizado, aporta mais conservante no vinho. Nas bodegas é possível ter uma classificação de barril, sendo eles classificados pelo número de vezes em que foram utilizados, podendo ser utilizado no máximo 7 vezes, aportando praticamente nenhum conservante no vinho. Os barris velho são revendidos para indústria de móveis, de tacos ou outras.
É importante saber que existe um limite de conservação do vinho, sendo que, se você guardar por muito tempo um vinho na sua adega de casa, o vinho pode começar a estragar. Obviamente que estes vinhos que ficaram muito tempo nos barris, são mais caros.
Ainda na visitação da Catena Zapata, havia uma exposição das diferenças dos solos. Dentro de uma espécie de aquário, estavam vários tipos de solo com as suas camadas como das regiões de Valle de Uco, Maipú e em Luján de Cujo e as regiões mais próximas das montanhas. Olhando estes aquários, você acaba associando com os tipos de vinhos que degustou até então, por exemplo, vendo um dos aquários com camadas de solo contendo muitas rochas, você já começa a entender que os vinhos desta região possui um sabor mais mineralizado, impactando na acidez e etc.
Gostei muito da degustação da Catena que foi com os vinhos premium sendo que o foco era mostrar as diferenças de vinhos de diferentes regiões. Bom, eu adorei esta visitação e degustação e certamente iria novamente! Os preços variam dependendo do tipo de degustação que você quer, podendo girar em torno de R$150 a R$250,00
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Belasco de Baquedano
Depois da Catena Zapata, a ideia era almoçar em duas vinícolas que me recomendaram: Ruca Malén ou na Pulenta Estate, mas como estavam lotados e sem reserva, fomos na Belasco de Baquedano que foi ótimo e uma coisa muito interessante é que lá fica a única sala de aromas da América Latina, segundo eles, de vinhos. São muitos aromas que você pode sentir em um vinho e eu comprei uma caixa para testar a memória olfativa, com 20 aromas. Mas lá são uns 100 no total. Comprei a caixa de aromas dos vinhos da região Mendoza, existem vários aromas diferentes dos vinhos de outras partes do mundo. O aroma pode estar relacionado com o lugar onde a uva foi plantada, com o processo de fermentação ou com o processo de envelhecimento do vinho. Estas 3 fontes de aromas são chamadas de primária, secundária e terciária, segunda a minha memória rsrsrsrs.
Os vinhos do almoço foram ok, mas também não eram ruins. Eram umas 4 ou 5 taças no total, sendo que para cada prato, era servido um vinho diferente.
Dica para ir nesta bodega na época de colheita: para chegar à sala de aromas, se atente no processo de colheita porque se ele estiver ocorrendo, a sala de aromas fica fechada. Informe-se antes de ir!
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Bodega Achaval Ferrer
Partimos para a bodega boutique Achaval Ferrer, considerada muito boa e famosa. Gostei da visita porque a degustação foi bem diferente, sendo que provamos o vinho nas diferentes etapas de produção do mesmo! Me senti uma enóloga! No começo da visitação, provamos um vinho ok e depois conhecemos as etapas do processo e acabamos tendo sorte porque acabamos vendo o processo da chegada das frutas, do processamento dentro das máquinas onde é separadas as sementes, e a ida do líquido para o cilos. Degustamos até o suco da uva, neste momento em que o suco entra no cilo. No processo de pós fermentação, ainda quente, também bebemos o líquido e era algo entre suco de uva e vinho. Vimos o processo quando o vinho vai para os barris e degustamos um vinho de um dos barris, ainda não pronto para o engarrafamento (acho que estava menos de 1 ano no barril). Tinha um gosto interessante de vinho, mas ainda não tinha chego a um nível de vinho "gente grande". No final, degustamos novamente um vinho, este já pronto e engarrafado. A equipe desta botega é fantástica e simpática!
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Bodega Zuccardi
Terceiro dia e quarto dia: Bodega Zuccardi. O pessoal da família Zuccardi é muito ativo nas atividades da botega. Apesar da matriarca ser bem de idade, os funcionários me falaram que ela passa na bodega diariamente e ela ainda é responsável pela galeria de arte que inclusive possui exposições de quadros selecionados por ela. Os seus filhos também trabalham em áreas estratégias na empresa. Fui duas vezes nesta bodega, sendo que no terceiro dia passei a manhã e no quarto dia, o dia inteiro.
A Zuccardi é gigantesca e possui uma estrutura enorme para o turismo, com uma gama muito grande de tipos de visita: tinha visitas básicas, visita com detalhes históricos, visita sobre azeites, visita sobre cozinha, cursos de culinária, passeios de bicicleta, etc.
No terceiro dia eu fiz a degustação básica e foi legal porque você conhece o processo. Como a empresa é grande e de outro porte, o processo é bem fabril, então a visita é como visitar uma fábrica mesmo. Ouvimos as explicações das etapas, vimos a escolha das uvas, processamento das máquinas, vimos os diferentes tipos de barris e/ou tonéis sendo uma delas destinada aos vinhos chamados de "vinhos de inovação" que utilizam uma outra técnica de envelhecimento feita em barris de concreto que é uma técnica utilizada em vários lugares do mundo, além dos clássicos métodos de envelhecimento do vinho nos barris de madeira e metálicos.
Depois degustamos vinhos básicos da Zuccardi e aquele tal vinho de inovação e que não são exportados (porque são produzidos em pequena quantidade) e também não possuem nenhum tipo de conservante. Há o vinho orgânico também! Neste dia experimentamos o vinho de um outro tipo de uva teste, plantada em outra região.
Bom saber que o tempo do vinho tinto no barril normalmente é muito maior que o vinho branco, porque a fusão do gosto do vinho branco com os barris não casa muito bem com este tipo de vinho. Inclusive, vários vinhos brancos não passam por nenhum momento por barril.
Você encontra 2 restaurantes: um mais orgânico com espaço para aula e outro mais tipicamente argentino, com assados e churrascos. Fui neste primeiro restaurante e achei ele muito bonito, na verdade, uma graça. Adorei tudo!
No quarto dia, de volta à Zuccardi, fiz mais uma degustação onde foi mostrado novamente a produção adicionando alguns outros detalhes. A degustação no final incluía o vinho orgânico. Para que o vinho seja realmente denominado como "orgânico", não é somente o plantio agrícola do vinho é que deve ser orgânica, mas é necessária que a produção do próprio vinho também deve ser orgânica. Eles não usam praticamente nada de pesticida e dedicam um espaço delimitado para ser classificado como orgânico. São poucos tonéis destinados para este vinho, se for comparar com a empresa inteira, estes tonéis orgânicos são minúsculos e além de tudo, o processo é todo manual e mais lento. No geral o público não gosta muito do vinho orgânico e, apesar de existir vinhos orgânicos de alta gama, estes eu não experimentei.
No final fizemos um passeio de bicicleta pela vinícola e dois cachorros da vinícola saíram correndo com a gente, acompanhando o passeio e deixando o passeio ainda mais gostoso! Paramos por uns 3 pontos da vinícola onde determinados tipos de uvas estavam plantados e o guia explica sobre as uvas e degustamos o vinho relacionado a tal uva. O passeio foi muito, mas muito gostoso!
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Los Toneles
Esta Los Toneles foi a última bodega que eu realizei a visita em Mendoza e é uma bodega urbana que fica em um prédio antigo. Ela é bem antiga da região, tanto que a cidade acabou chegando nela. Mas é bom saber que a vinícola fica afastada da cidade e lá onde eu fui é só a bodega mesmo. Gostei da visita que realizei, apesar da moça que me atendeu ter confundido o dia que eu havia feito a reserva, ela me explicou sobre o lugar, a história do lugar, e constatei uma bodega bem diferente com cilos em concreto, e formatos bem diferentes das outras vinícolas modernas.
O prédio realmente é bem antigo, todo de tijolinhos e a área de degustação é bem fofa. Acho que para quem não tem muito tempo e/ou pouco dinheiro para visitar as outras vinícolas, eu indico esta para conhecer porque é bem perto de onde provavelmente você irá se hospedar. Já as outras vinícolas são distantes e para isso, nós contratamos um serviço de transfer que nos levava e nos trazia porque não é nem um pouco recomendável passar o dia em degustações de vinhos e sair dirigindo por aí. Então, para visitar as outras vinícolas, além de ser necessário mais tempo, você desembolsa mais.
Há outras bodegas dentro da cidade a Bodega López e a Bodega Lagarde. Fora isso, as mais próximas e que possibilitam transportes mais baratos são as que ficam em Maipú, como a El Enemigo.
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️
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Bodega Godoy Cruz + 1884 Restaurante
Fui ao 1884 Restaurante que é do chef de cozinha Francis Mallmann, um dos que eu admiro muito. Ele possui vários restaurantes na Argentina e um deles é de Buenos Aires, porém é de alta gastronomia e o preço é absurdamente caro. Mas como ele é casado com uma mulher de Mendoza, que também possui um restaurante na cidade, ele abriu há alguns anos o seu restaurante na cidade. Este não é de alta gastronomia, mas é um restaurante muito bom que tem o viés de apresentar um pouco da culinária argentina, digo isso porque lá há pratos como a empanada mendonzina, típica da região, e vários outros pratos patagônicos. Gostei muito e acabei provando um prato com coelho, coisa que eu nunca havia comido antes... Pedi o prato pensando que se eu tivesse que comer coelho que fosse em um restaurante de um chef muito conhecido, porque não haveria erro. O prato é muito bom mesmo, só o único problema é que veio muita comida! Não é um restaurante caro, sendo que entrada + vinho + prato principal ficou cerca de R$150-R$200 (sendo um vinho não muito caro, preço médio).
Só depois que eu vi que este restaurante fica dentro de uma bodega chamada Godoy Cruz e que também fica dentro da cidade. É muito bonito. Há uma área aberta onde o chef faz vários pratos com diversos tipos de fogo. Tenho vontade de conhecer com mais tempo esta bodega na próxima vez que voltar à cidade e comer novamente no restaurante, além de ir no "Maria Antonieta" que é o restaurante da mulher de Mallmann, que também quero conhecer!
Nossa classificação: ⭐️⭐️⭐️⭐️
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Viagem no fim de inverno, Setembro/2024
Eu estive em Mendoza com um grupo de 24 pessoas porque ganhamos uma premiação da empresa que trabalhamos, desta forma, não tive tempo para escolher quais bodegas iria visitar e nem fiz reservas em restaurantes, visto que tínhamos uma programação fechada. Claro que tive algumas possibilidades de momentos livres, mas não conseguia fazer mais nada além do que trabalhar (porque não eram férias).
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Departamento de Luján de Cuyo
Neste contexto, pude conhecer naquilo que chamam de "Rota do Malbec" a Bodega Vistalba (34km do centro) que fica em Luján de Cuyo, onde pudemos aprender muito sobre os 3 tipos de processos de fermentação (barril de madeira, inox e cimento) e como cada processso confere particularidades no vinho que a casa quer alcançar.
Uma dica que nos passaram é que, após a colheita (entre março a maio), a visitação nos locais onde é feita a fermentação nas vinícolas não é recomendada, já que o processo de fermentação da uva produz muito dióxido de carbono, sendo prejudicial à saúde.
Na visita aprendemos também sobre o "terroir" que nada mais é do que o solo e como aspectos de nutrição base da planta estão cada vez mais sendo valorizados pelos agrônomos das bodegas. Visitamos a cave e lá há uma parte exposta do solo, a 5 metros de profundidade, onde ficaram nítidas as camadas de argila, areia e pedras do solo da região.
Depois seguimos na mesma bodega ao "cata a ciegas" onde nos deram 3 taças de vinhos para experimentarmos e tentarmos descobrir qual vinho estava lá: se malbec, carbenet franc ou carbenet sauvignon. Acertei todas! No final, serviram mais uma taça de malbec da safra 2019, a última considerada melhor da bodega.
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Depois fomos na Bodega Carmello Patti (19km do centro), que está mais para uma distribuidora de vinhos da família. O próprio Sr. Patti nos recebeu e o local é bem mais simples, nesta visita tive mais dificuldade para entender o que ele falava, visto que falava na velocidade da luz! O Sr. Patti nos deu dicas de como escolher uma boa garrafa (considerando os aspectos físicos), falou sobre algumas experiências quando esteve em São Paulo-BR e por aí vai. De todas foi a única que havia outros visitantes: um casal argentino e um casal de brasileiros.
A terceira parada foi na Trivento (25km do centro), onde tivemos a harmonização dos vinhos com os pratos do almoço. No total foram 4 taças e adorei conhecer o Malbec branco. Amei demais o Pinot Noir 2020 que é produzido no Valle de Uco, harmonizou à perfeição com minha entrada de cogumelos, porém, o único vinho que me cativou na alma eu não pude comprar, visto que este é vendido apenas para restaurantes..
Me falaram que a Trivento é do grupo chileno Concha y Toro, o que me deixou um tanto decepcionada, visto que eu queria experiências puramente argentinas, mas ok... provei bons vinhos argentinos de qualquer forma, já que são produzidos lá.
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Centro de Mendoza
Vale ressaltar um ponto importante: Mendoza é uma cidade que se come parrilla. Então para quem não come carne bovina, como eu, existe ainda a trucha (que mais parece um salmão sem gosto de salmão) e todos que comi foram bons (comi na Trivento e no restaurante Don Mario Palmares, que fica a 10km do hotel Diplomatic).
Se você quer ir a um restaurante mais badalado, planeje a sua visita e reserve com antecedência. Alguns possuem lista de espera de muitos meses.
Existem alguns restaurante que fazem a clássica milanesa argentina (tanto de carne quanto de frango) mas eu tive uma péssima experiência com este prato no restaurante El Asadito e não recomendo a ninguém! Além disso, nenhuma das 24 pessoas do grupo teve boa experiência com as batatas fritas dos restaurantes diversos que foram por lá, eram todas molengas e encharcadas de óleo. Portanto, evite!
Também não comi um pudim de doce de leite igual aquele que habita na minha memória quando comi um maravilhoso em Buenos Aires. Os dois almoços que tive refeições completas foram servidos pudins sem graça e sem sem cor (na Trivento) e outro cozido demasiadamente parecendo uma omelete dura e doce (no restaurante Juanita, voltando de Aconcágua).
Outra informação que quero compartilhar é que vale muito a pena andar pelas ruas do centro, principalmente a Calle Aristides Villanueva e a Avenida Sarmiento. E também conhecer algumas das várias praças da cidade como a Praça Independêncai, Praça Italia e ir até o Mercado Cental ! Visitamos o Parque General San Martin que possui quase 400 hectares, mas ficamos mais na parte movimentada, já que a guia nos disse que, por ser enorme, há locais perigosos. Ele é tão grande que possui um cerro lá dentro, e subimos nele de van, a vista não é lá grande coisa e há uma pequena "comunidade" no pé do cerro e muito lixo.
Por falar em lixo, isso foi algo que me incomodou muito nas estradas. O centro de Mendoza é limpo, mas as estradas são repletas de lixo, sobretudo plástico! Isso faz com que a experiência seja prejudicada, não orna ir a lugares requintados sendo que lá fora há muito lixo. O lixo está presente até na viagem que fizemos rumo à base do ACONCÁGUA, o que é uma tremenda tristeza!
Você vai ver por toda cidade os alfajores Entre Dos. Se você gosta deste doce, tente achar o Chocolezza que, no meu paladar, é infinitamente melhor e menos doce. Fui na loja da Avenida Las Heras e além de alfajores, comprei os conitos. Não achei nada barato e a loja é meio antiga, parece que parou no tempo... mas valeu a pena.
Outro ponto importante é a água mineral. Não sei por que mas a água é muito salgada por lá, tivemos muita dificuldade para bebê-la. Porém, fui no mercado e consegui águas mais parecidas com as brasileiras ccomo a Bonaqua e a Eco. Então fica a minha dica!
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Departamento de Tunuyan
Dentro do nosso passeio customizado, quero destacar que fomos a um produtor de uva, temperos e nozes. Foi no Departamento de Tunuyan e a vista é linda! Também adorei conhecer uma plantação de nozes e ver o maquinário que processa o fruto. Fomos muito bem recebidos e comemos muitas nozes!
Azeites Mendozinos
É muito comum vinícolas plantarem oliveiras e produzirem azeites, e a província de Mendoza é a principal região produtora de azeite na Argentina. Em 2022 Mendoza foi a primeira cidade da América Latina a receber a indicação geográfica para azeite de oliva extravirgem.A produção de azeite na região tem ganhado corpo nos últimos anos, com os olivais somando 11,6 mil hectares.
Para quem estiver interessado em comprar o azeite local, indicam o LAUR, sendo que em 2023, a marca conquistou sua terceira medalha consecutiva como o melhor azeite de oliva do mundo. Caro como qualquer azeite bom.
conheça vinícolas de mendoza na argentina com o itinerário de viagem
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Hospedagem
Mais lugares para conhecer:
Mapa dos locais visitados e sugeridos
Como dito acima, fiz questão de me hospedar em um hotel dentro de uma vinícola e o escolhido foi o Rosell Boher Lodge.
Dica de hospedagem de nossos leitores: Park Hyatt Mendoza Hotel, Casino & Spa que é muito bem elogiado tanto pela qualidade quanto em localização.
Já eu fiquei hospedada no Diplomatic Hotel que fica perto de tudo no centro, possibilitando que você visite a cidade a pé. Ele é um bom hotel, possui um staff ótimo, mas acho que precisa de uma reforma e poderia melhorar e incrementar nos amenities. Achei tudo muito básico e o sabonete é horrível.
Vínícolas:
O. Fournier
La Azul
Ruca Malén
Opulenta Estate
Trapiche
Nieto Senetier
Fabre Montmayou
Salentein
Tempus Alba
Luigi Bosca
Bodega Elandes
Chandon
Séptima
Restaurantes:
Cavas Wine Lodge – O hotel tem um restaurante ótimo, que é ideal para almoçar, para aproveitar bem o lugar e a vista. É caro, mas acho que a experiência vale.
Brindillas – É o "MUST" de Mendoza com menu degustação EXCELENTE
Siete Cocinas - possui pratos de 7 regiões diferentes da Argentina.
Azafrán – É bem cotado, mas a pode desagradar alguns, podendo ser meio caído em termos de ambiente e comida.
Anna Bistro - parece ser bem bom!
ATENÇÃO: Algumas informações descritas no blog podem mudar, como por exemplo, preços, horários de funcionamento e até mesmo endereços. Consulte sempre antes de ir! Não possuímos vínculos com as empresas, serviços e profissionais mencionados neste blog
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