Dicas sobre NORTE CHICO III (Valle Limari) no Chile com Barraza, Rota do Vinho e o Observatório Combarbalá + sugestões de passeios, restaurantes, hospedagem etc..
Saída de La Serena
A região próxima a La Serena contém vários observatórios (veja mais abaixo um resumo sobre cada observatório).
Considerando as diversas informações sobre o quão cheio os observatórios podem ser, resolvemos ir ao observatório de Combarbalá que por ser mais distante, tinha a indicação de ser mais vazio, o que nos permitiria observar as estrelas com mais calma.
Agendamos nossa visita ao observatório pela internet. Preferimos pegar o último horário (23h15), pois assim poderíamos fazer o caminho de La Serena até Combarbalá com calma e passando por vários pontos turísticos.
Sendo assim, alugamos um carro em La Serena (já tínhamos feito a reserva do carro pela internet antecipadamente). Havíamos reservado um carro econômico básico, mas como todos estavam alugados quando fomos pegar, tivemos a sorte de pegar um carro superior a diesel (o que nos fez economizar muito em combustível, recomendo o aluguel de carro a diesel pros passeios longos nessa região).
Pegamos a estrada sentido sul com objetivo de passar por Barraza, Valle do Encanto, vinícolas do Valle do Limarí, Ovalle e então seguir mais ao sul para Combarbalá. Se você tiver mais tempo, talvez seja interessante você parar no Parque Nacional Frey Jorge. Nós não chegamos a ir, pois não teríamos tempo suficiente, mas foi um lugar recomendado.
dicas do itinerario de viagem para conhecer o valle limari no chile
BARRAZA
Passamos primeiramente por Barraza. No caminho, o clima desértico é facilmente verificado pela presença de muitos cactos e solo arenoso. Nas fotos é possível se ter ideia do tamanho dos cactos encontrados no local. Algumas espécies dão gostosos frutos e belas flores.
No caminho para Barraza paramos para conversar com um senhor que estava com seu burrinho observando o pasto das cabras. Ele foi muito simpático e disse que a região é grande criadora de cabras, mas que nesse ano de 2015, devido a falta de chuva na região, muitas das cabras estão morrendo ou não estão dando leite (o que reduziu muito a fabricação de queijo de cabra, item muito típico da região).
Apenas como curiosidade, as cabras são comuns em locais de climas desérticos.
A cidade é pequena e colonial na ribeira do rio Limarí com população de 319 habitantes (2002) e Patrimônio Histórico do Chile. Ela encontra-se conservada, sendo interessante para quem gosta de conhecer um pouco da história local.
A cidade tem inegável valor arqueológico, sendo desenterrados habitualmente esqueletos e restos de cerâmicas de antigos moradores da região.
As ruas do povoado são na maior parte sem pavimentação e há várias casas antigas que conservam características próprias de uma villa espânica. São casas amplas de adobe com cimento, contendo um pátio central no interior rodeado pelos dormitórios e a cozinha. A maioria das casas tem altas e amplas janelas viradas diretamente para a rua. Ou seja, a cidade é bem pequenininha (tem praticamente, a igreja e o restaurante rsrs).
Saiba que a população total perceberá sua chegada na cidade. Depois que chegamos, percebemos um certo movimento na cidade e notamos que algumas lojinhas de artesanato se abriram para nos receber.
A história da cidade está ligada a da igreja paroquial, desenhada por Joaquín Toesca, considerada Monumento Nacional chileno. Seus traçados e características arquitetônicas espanholas estão bem conservados até hoje.
A igreja atual é a terceira construída no local, tendo sido contruida de 1795 a 1800, sendo o sistema construtivo importado da España e a única com estas características em Limarí.
O edifício tem características neoclássicas e simples, com uma planta em cruz latina regular, composta pela nave e pela capela lateral (adicionada ao final de 1800) e chamada de Capilla de Hombres (Capela dos Homens), pois até 1970 os homens assistiam a missa lá enquanto as mulheres e crianças assistiam na nave.
Na lateral a porta de madeira havia sido do primeiro templo ali construído (finais de século XVII), fabricada em pino oregón e cobre.
No altar está a imagem de San Antonio de Padua, que data de meados do século XVIII e foi trazida do Peru. A igreja foi declarada Monumento Nacional em 1978. Em 1990, criou-se um pequeno museu paroquial ao lado da igreja. Depois do terremoto de 1997 a igreja sofreu danos estruturais, sendo feitas as reformas que terminaram em 2003.
Paramos para almoçar no famoso restaurante chamado Cabildo Abierto. Suas recomendações se devem principalmente pelo contexto histórico da instalação e pela culinária local (além de ser o único, ou um dos poucos restaurantes da cidade).
dicas e fotos para conhecer o valle limari no chile elaborados por itinerário de viagem, favor respeitar
VALLE DO LIMARI
Saímos de Barraza e voltamos para a estrada com intuito de irmos ao Valle Encantado. Sabíamos que pelo caminho, antes de Ovalle encontraríamos vinícolas, pois estaríamos na Rota do Vinho e do Pisco do Valle do Limari, mas não sabíamos que seria tão fácil. A região está no início de seu desenvolvimento turístico. Não é muito bem sinalizado e não se acha facilmente informações ou pessoas bem treinadas para direcionar turistas.
A rota do vinho de Limari é nova e ainda menos organizada turisticamente. As uvas mais famosas da região são os Chardonnay, Sauvignon Blance variedades de Cabernet. A recomendação que tínhamos visto pela internet antes de irmos para lá era tentar visitar a Viña Tabali (que é muito bem estruturada turisticamente, com tour e degustação (CLP$ 25.000), além de um restaurante e a Pisquera Chañaral de Caren (falei com eles no facebook e o tour é gratuito).
No caminho vimos uma placa indicando a entrada para o Valle Encantado e para a Viña Tabali. Saímos na rua a direita, conforme indicado pela placa e percebemos que havia uma vinícola grande do nosso lado direito. Não havia placa ou sinalização então paramos para perguntar quando avistamos uma grande entrada com uma pessoa: lá era a a Viña Tabali.
Entramos na vinícola e fomos estacionar próximo a área de produção, procurando por alguém para nos atender. Havíamos enviado e-mail para vinícola tentando agendar a degustação, porém sem resposta. Não sabíamos como funcionaria o processo.
Repare nas fotos as condições de solo da região. Essa condição desértica faz com que as frutas nasçam doces (inclusive você pode encontrar Sandias, que parecem melancias, extremamente doces) o que dificulta o cultivo de uvas para vinhos e facilita o cultivo de uvas para produção de Pisco.
Seguimos em direção ao restaurante/loja onde vimos algum movimento e acabamos encontrando a com a somelier da vinícola. Acabamos não fazendo o tour padrão de degustação, mas fizemos uma degustação de vários vinhos de uma maneira muito informal e gostosa. Compramos também vinhos com desconto.
A vinícola está muito engajada com o desenvolvimento turístico e preservação da região e no tour recebemos informações sobre o Valle Encantado e suas histórias.
Informações de Viña Tabali
Horário de funcionamento: das 9h as 17h, de segunda a sexta e aos finais de semana só abre esporadicamente.
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Valle del Encanto
Saindo da vinícola, seguimos para o Valle del Encanto (apenas uns 5 ou 10min de distância). No Valle del Encanto é possível ver vestígios arqueológicos de várias culturas préhispanicas (petroglifos e pictografias) característicos da cultura Molle (500-700 d.C.), assim como caçadores de 2.000 a.C. Ele foi descoberto em 1946 e virou Monumento Arqueológico em 1973.
A depender do horário, alguns desenhos são mais claros. O melhor horário para visualizar todas as figuras é em torno das 12h. Chegamos lá já devia ser 14h ou 15h. Avistamos cactos, várias pedras tácitas, petróglifos e hieroglifos.
Uma coisa que achei interessante aprender foi sobre a história local.
A região do Valle del Encanto era antigamente uma região para onde muitas tribos migravam durante alguns períodos para fazer rituais sagrados. Dizem que a escolha dessa região se deve ao posicionamento e visualização das estrelas.
Além de tribos locais, vinham também para região tribos da Amazônia. Isso pode ser percebido pelas figuras desenhadas nas pedras como um homem com cocar (ou colar, como se diz em espanhol). Provavelmente, esse homem com cocar era a figura de algum membro importante na tribo, que usava um grande cocar na cabeça, ou a representação de alguma figura religiosa indígena.
Há vários petróglifos diferentes no local.
Além dos petroglifos há também as pedras tácitas, que são essas pedras cheias de furos redondos. Imagina-se que os furos eram feitos nas pedras pelas tribos que se reuniam no local para o preparo de elementos, como chás ou mistura de ervas, que seriam utilizadas durante os rituais. Dentre os diferentes elementos preparados, sabe-se da preparação de chás alucinógenos feitos com a mistura do líquido de alguns cactos da região. Para fazer esses furos nas pedras, um instrumento em pedra era rotacionado várias vezes (como um espremedor).
Saindo de lá seguimos para Ovalle com intuito de comer alguma coisa antes seguir viagem pra Combarbalá. A indicação era procurar empanadas de queijo de cabra, típicas dessa região. Mas não encontramos (devido a seca, não havia muito queijo de cabra).
A cidade de Ovalle nos pareceu muito pequena e sem graça. Então, passamos rapidamente, compramos alguma coisa pra beber e empanadas e seguimos viagem. Para jantar, uma recomendação que me pareceu muito boa foi o restaurante na Hacienda Santa Cristina que serve pratos típicos em um ambiente lindo.
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Caminho para Combarbalá
Apesar da recomendação quanto a Ovalle, resolvemos seguir para Combarbalá e jantar por lá, para evitar pegar uma estrada ruim a noite. Digo que fizemos muito bem.
O caminho até Combarbalá tem um trecho muito grande em ripio (pedras) e com muitas curvas, sem iluminação. Recomendo que façam esse trecho enquanto estiver claro.
Apesar de tudo, o caminho é lindo, repleto de montanhas arenosas.
Chegando na cidade de Combarbalá, a impressão foi que ela é pequena e bonitinha. Fomos até o Observatório com objetivo de comprar os tickets (haviam nos indicado por e-mail que tínhamos que comprar os tickets antes), mas na verdade a venda dos tickets ocorrem numa loja na cidade, em frente a praça principal.
Pegamos os tickets na loja e seguimos para o hotel para deixar as coisas e procurar algum lugar para comer. Fomos ao restaurante mais próximo do hotel. Comi um prato de bisteca de cervo com pure de batatas. Estava muito bom.
Depois de jantar fomos ao observatório e lá tivemos uma breve aula sobre o céu. Os instrutores apontavam o céu com laser e iam nos mostrando as constelações e falando sobre as estrelas. Seguimos então em grupos de cerca de 8 pessoas para os telescópios. Observamos 3 coisas diferentes no céu com o telescópio. Cada um olhava uma vez.
É necessário ir comprar o ticket para o observatório Cruz del Sur até as 23h, dado que já tinha a reserva para as 23h15. A entrada indicada é de $4.000 (~R$17). Foi necessário preencher a ficha no site indicando a data prevista. Um dia depois recebe-se a confirmação por e-mail com os horários disponíveis (no caso estavam disponiveis 17h30, 20h30 e 23h15). Eu escolhi o das 23h15, pois achei que daria mais tempo para aproveitarmos o dia e estaria mais vazio (o que nos permitiria ficar quase que exclusivamente com o telescópio).
Reservei também quarto no Apuwara Hostal em Combarbalá, próximo do observatório (quarto com 2 camas e banheiro privativo) por R$93 (se fossem 2 pessoas o valor quarto iria para R$121). O hostel era bonito, mas a janela do quarto estava solta, ou seja, entrava ar frio à noite (não passei frio devido ao aquecedor e ao edredon) e barulho (havia som de música a noite toda devido a proximidade com um grande bar da cidade).
Hospedagem:
Como descrito acima, houve hospedagem em COMBARBALÁ no Apuwara Hostal. A escolha surgiu porque ele fica próximo do observatório. O hostel era bonito, com banheiro privativo e quarto para 2 pessoas. Passei frio porque a janela do quarto estava solta mas depois o aquecedor e ao edredom me ajudaram e havia muito barulho de música a noite toda devido a proximidade com um grande bar da cidade.
Dica: No Chile, se você paga o hotel em dólar ou euro, você fica isento do imposto local de 19%, sendo que o pagamento pode ser no cartão de crédito internacional.
Curiosidade:
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