Um dos pratos japoneses que mais amo comer é o Ramen, conhecido no Brasil mais como “Lamen”. Neste post indico alguns lugares bem bacanas para comer a iguaria na cidade de São Paulo, onde se concentra a maior colônia japonesa fora do Japão!
Minha vontade de comer ramen todos os dias não é recente e em casa costumávamos fazer muito mais o okinawa sobá do que um ramen (mais pra frente explico a diferença). Mal sabia eu que a iguaria nipônica estava tomando novos rumos na minha cidade e também no mundo! Pois é, o ensopado com macarrão vem ganhando cada vez mais espaço e, coincidentemente com a minha vontade de um dia escrever um post sobre este assunto, a Japan House promoveu um debate sobre o Ramen, em Abril de 2019.
Eu não poderia perder este evento por nada e fiquei muito feliz em ouvir as explicações maravilhosas do Jo Takahashi, um produtor de conteúdo digital (como descrito no Twitter) e parece que em breve ele vai lançar um livro contando a história do prato japonês. Somente pela breve explicação que ele deu sobre origem, transformação e multiplicação do prato, obviamente eu fiquei com vontade de adquirir uma cópia do livro!
Pra não deixar você curioso, vou explicar aqui mais ou menos o que eu escutei: Tudo começou quando monges budistas japoneses foram até a China entre os séculos V e VI, e lá eles conheceram o tal udon chinês, com o macarrão feito de trigo. Porém, como o trigo não era cultivado no Japão, quando os monges voltaram para terras nipônicas, acabaram adaptando a receita com o trigo sarraceno, surgindo assim o sobá (que significa trigo sarraceno). Esta foi uma revelação e tanto para mim, porque eu achava que o sobá era um prato mais típico da província de Okinawa e eu não tinha conhecimento que ele era comum em todo o Japão, pois bem… paradigmas quebrados!
Por volta de 1870 imigrantes chineses começaram a chegar no Japão e foram montando as suas Chinatowns. Lá eles começaram a produzir e comercializar o “china sobá” ou o “chuka sobá” que é bem diferente do sobá, ramen e udon japonês porque o caldo do “chuka sobá” é mais grosso, lembrando o caldo do yakisoba. Em seguida houve a abertura dos portos, o que permitiu importar o trigo para as terras nipônicas, fazendo com que o macarrão do ramen fosse finalmente feito por lá e consequentemente surgiu a variação chamada udon.
Para quem não sabe, tanto a massa do udon quanto a do ramen é feita de trigo, o que os diferencia são as espessuras dos mesmos e o jeitão do caldo. Mas isso eu explico mais pra frente!
Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão entrou em uma profunda crise financeira e escassez, fazendo com que o ramen fosse ainda mais consumido porque, como o caldo do mesmo desde aquela época leva muito tutano de ossos de porco e galinha, acabava enchendo a barriga do povo! Mas com o passar dos anos, ele foi deixado de lado. Aí vem a minha conclusão pessoal e feeling total: acho que o ramen deixou de ser consumido porque ele lembrava momentos do pós guerra, momentos de muita privação e pobreza e, quando o povo japonês começou a se reerguer novamente, começou a comer outras coisas, deixando de lado pratos mais, digamos que, “simples”.
Após um grande hiato, em 1980 houve uma ascensão da iguaria e notadamente o prato já possuía as suas versões conforme as províncias japonesas. Hoje são 30.600 casas especializadas em ramen e só em Tokyo estão concentradas 10% delas (ou seja, 3.600 casas). A maior concentração das casas de ramen, ou como as chamam por lá, ramen-ya, ficam no norte do país talvez por ser uma região mais fria.
E justamente no norte existe uma cidade chamada Kitakata a 320km de Tokyo que é uma cidade que vive em função do ramen onde eles comem o ramen até no café da manhã (!). Existe até um folheto na estação de trem indicando todas as ramen-ya de lá (praticamente em quase todas as esquinas da cidade)!
Em São Paulo as casas de ramen estão aumentando a cada dia. Hoje são contabilizadas 15 casas, porém eu acho que o maior desafio é convencer o público brasileiro que um caldo quente também é muito bem vindo em dias quentes. Talvez por isso que a maioria das casas hoje não podem viver 100% do prato aqui no Brasil, variando o menu com outras especialidades asiáticas.
Para quem ficou aguando com a breve história, trago aqui alguns restaurantes que tem como carro chefe da casa o ramen. E também trago o udon e o sobá. Já falo aqui de antemão que se você nunca comeu um ramen e está pensando em ir numa cadeia de fast food japonesa que começa com Suki e termina com ya, desista! Porque se você fizer isso com você, com certeza achará que eu tenho péssimo gosto culinário. A verdade é que para saber o que é bom, é necessário começar pelos bons!
Lamen Aska
Talvez a primeira casa dedicada ao ramen em São Paulo (eu disse talvez) seja o Lamen Aska e talvez o que mais segue a linha tradicional. Mas falar o que é tradicional em ramen é meio difícil porque existem diversas receitas de ramen, a depender da província que se pega a inspiração, mas em consideração a comidas contemporâneas, o Lamen Aska segue a linha tradicional.
Eu já fui umas diversas vezes na casa. Na maioria das vezes fui no almoço, porém, foram almoços do tipo “café da manhã comendo ramen“. Isso mesmo! A casa abre às 11h e a partir das 11h30 já começa a lotar! O salão é pequeno e já teve vezes que compartilhei a mesa com desconhecidos. Mas é super normal isso acontecer. Outra coisa muito comum é formar uma fila considerável do lado de fora e a espera pode ser de até 40 minutos.
O atendimento é rápido e há poucos tipos de pratos no menu, o que facilita na hora de escolher. Quase sempre pedi um ramen de missô e eu adoro ficar no balcão para espiar como os cozinheiros trabalham! Para pessoas pequenas, o prato é razoavelmente grande. Para quem comeu muito macarrão e deixou muito caldo no bowl, dependendo do tamanho da fila lá fora você pode pedir uma porção de macarrão à parte (pagando um valor baixo), mas se a fila estiver muito grande, eles recusam o seu pedido para dar a chance a um novo cliente também poder se sentar o quanto antes em uma mesa. Acho legal a atitude!
Como a casa é pequena, não vá ficar batendo papo após comer, o negócio é cair fora!
Eu acho o prato do Lamen Aska bem leve e bem barato e para quem está começando a se aventurar na iguaria, recomendo em disparada este lugar. A carne de porco é do jeito que deve ser, ou seja, bem macia e que dá pra cortá-la com os dentes facilmente, e o caldo + macarrão estão sempre no ponto correto. Além disso, a temperatura que é muito importante ao meu paladar, é corretíssima sendo ela nem queimando a boca e nem morna.
Nara Lamen
A casa é nova, acho que abriu no início de 2018 e sua abertura veio a calhar em um bairro que possui uma colônia bem expressiva de nikkeis e lamentavelmente possui pouquíssimas opções de bons restaurantes japoneses (aliás, pouquíssimos restaurantes bons de qualquer coisa): o bairro da Saúde, zona sul de São Paulo.
Na realidade são dois conjuntos de restaurantes, sendo que de um lado é o Nara Obentô e do outro o Nara Lamen. Como o post aqui exige o ramen, eis que fomos experimentar a iguaria.
Os preços são bem justos variando de R$20 a R$28 mais ou menos e é bem servido. Quase sempre eu peço a variação do caldo com missô e desta vez não foi diferente. Porém, pra sair um pouco do tradicional, pedi o meu de kaarague lamen que é justamente um dos que custa R$28. Ao invés de carne de porco, o meu veio o karaague separado, que é algo que eu realmente amo na culinária japonesa: trata-se de sobrecoxas desossadas de frango muito bem temperadas e envoltas em uma massa mágica e depois fritas. É algo que eu gosto muito e do Nara, apesar de pequenos, estavam muito bem temperados.
O prato me deixou muito cheia e você ainda pode pedir alguns toppings a mais como 50% mais macarrão, alga wakame, moyashi, cebolinha, etc. Um dos diferenciais do ramen da casa é que ele vem servido com berinjelas a moda japonesa (que eu acho que são fritas) e estavam bem gostosas, sem picância e sem gosto de berinjela comum, mas sim do jeito japonês de ser.
onde comer ótimos ramens em são paulo
Jojo Ramen
Esta casa de ramen é simplesmente aquilo que você espera quando pensa em um bom ramen. O local é pequeno e lota rapidamente. Antes mesmo do meio dia já se concentra uma fila considerável na frente, então a dica é não tomar café da manhã e chegar às 11h30 e, se for com poucos acompanhantes, melhor.
Me sentei no balcão do restaurante, onde geralmente gosto de me sentar para ver os processos da cozinha na minha frente. Mas o balcão é um pouco mais alto em comparação aos outros restaurantes e, portanto, não vi lá muita coisa. O cardápio é enxuto, porém, suficiente, tendo a possibilidade da pessoa pagar entre R$32 a R$46 nos ramens, além de adicionar toppings, acompanhamentos e harmonizar a comida com bebidas alcoólicas.
Antes de falar do prato em si, preciso destacar que o atendimento é PRIMOROSO. A recepção típica de estabelecimentos japoneses não soa falso aqui (restaurantes japoneses dizem “seja bem vindo”como “irashaimase“)… as pessoas olham nos seus olhos e em especial destaco o funcionário que me atendeu me fez entender perfeitamente as diferenças dos pratos e também se preocupou em me oferecer um protetor de roupas, já que eu estava com roupa branca. Coisas assim não existem em restaurantes acessíveis como este hoje em dia!
Quase sempre eu peço um ramen a base de missô, porque é o meu favorito. Acabei descobrindo também que este é um dos mais pedido pelos asiáticos em geral, o que achei muito interessante! Adorei o meu prato, o Ramen Jojo Misso com pedaços maravilhosos de carne suína meio grelhadas eu acho, ovo, algas, repolhos com brotos de feijão e nirá (uma espécie de cebolinha japonesa). Levei um susto quando o prato chegou porque achei muito grande, o que não seria difícil comer se eu não tivesse tomado café da manhã. O prato foi no geral leve e bem saboroso e dava para perceber que o caldo foi feito no estilo japonês fiel, ou seja, ficou no fogo por horas.
Definitivamente eu preciso dizer que a fama que o Jojo Ramen possui não é à toa, ele realmente vale cada “hashizada” dada e é um prato que não possui excesso de sal, evitando aquele estufamento e inchaço normal. UM dos melhores para quem quer saber o que é ramen bom em São Paulo, senão o melhor.
Obviamente, voltarei todas as vezes que puder e sei que sempre será sucesso!
Tonkotsu Barikote Ramen Maru
Localizado nos Jardins, próximo à estação Brigadeiro, a casa é estilo tradicional de ramen-ya japonês. Pequena e com apenas o balcão para se sentar, costuma lotar rapidamente e, se você for em grupo, certeza que vai passar muita vontade por muito tempo antes de poder comer, finalmente, aquele que eu acho que foi um dos melhores ramens que comi na vida! E olha que não estou exagerando!
Se você for à casa e esta estiver cheia, saiba que há um caderno de espera que você mesmo tem que escrever o seu nome (fica no canto esquerdo logo depois que você passa pela porta).
Geralmente gosto de pedir um missô ramen, mas como estava conhecendo a casa, acabei sendo fisgada pelo Tonkotsu Black Oil que só pelo nome já deu pra saber o que foi que chamou minha atenção: o tal de black oil, que nada mais é do que um extrato de alho torrado que deu um toque maravilhoso no prato! Ele ainda leva cogumelos orelha de pau, ovo cozido, cebolinha, gengibre e a base do caldo é shoyu e porco. As fatias de panceta suína estavam deliciosas e comeria uma bacia só delas! Eu senti um odor muito peculiar no prato e no paladar deu para sentir toda a explosão de sabor e também deu para perceber que o ramen foi feito da forma tradicional japonesa, onde o caldo é feito por horas e horas.
Com certeza eu voltarei à casa diversas vezes. Apesar de apenas 4 tipos de ramens, vale a pena comer todos repetida vezes. Só acho que o prato deveria ser um pouco maior, mas no geral, é muito perfeito!
Hirá Ramen Izakaya
Esta é uma opção mais diferente daquilo que já escrevi aqui em cima porque é uma fusão de vários pratos asiáticos. Há opções mais próximas do tradicional, mas me deu impressão de serem ramens com infusão asiática no geral e não especificamente japonês. Aqui eu quis pedir algo diferente e picante, então fui de Meuntan que vai miso dare picante, kimchi (acelga em conserva apimentada coreana), panceta picada e etc.
A casa fica na Vila Madalena e é grande. Com uma decoração bem bacana e moderninha, lota também, até porque o ramen virou moda em São Paulo e em várias cidades do mundo. O atendimento é bacana mas o garçom não soube me explicar muito bem sobre o conceito do prato, já que para mim era muito mais na pegada coreana. Mas isso não é nada grave, era só uma curiosidade minha.
O prato possui tamanho médio e pedi um suco maravilhoso com erva cidreira e limão. Estava bem gostoso o prato e deu vontade de experimentar outro, mas fica para a próxima. Apesar de não ter lá aquela cara e clima de restaurante japonês, vale a pena dar uma chance. Os pratos já são um pouco mais caros, cerca de 10% acima da média dos outros citados aqui, mas vale a pena.
onde comer ótimos ramens em são paulo
Misoya
Casa especializada em ramen com caldo de missô virou a minha favorita quando experimentei no final de 2024. Trata-se de uma rede com filiais em alguns lugares no mundo e é possível escolher pratos com nível de missô, entre eles o de intensidade acentuada, suave e média, eu pedi o suave porque não queria algo muito salgado, algo que é difícil de não ser quando falamos em missô. Servem também o Hokkaido Ramen que fiquei curiosa, mas escolhi pelo Aburi Chashu Ramen que, pelo o que percebi, é um dos que possui mais proteínas animais. Eu simplesmente ameeeeei, se tornou meu número um! As carnes (chashu) são grossas e, por isso, não perdem o sabor “lavadas” no caldo, por falar no caldo, um dos mais saborosos! Além da carne de porco moída e do naturo, veio com oyashi e um pouco de acho frito. Uma explosão de sabores! Volto fácil!
O restaurante fica próximo ao metrô Consolação, pertinho da rua Augusta e lota rapidamente, gerando uma fila de espera e super entendo porque. Um dos ramens mais caros da cidade, mas valeu cada centavo! Há outros pratos, não somente o ramen, como o tonkotsu.
Bimiya
Outra casa de ramen que vale conferir e fica próximo ao Jojo Ramen na Paraíso é o Bimiya. Com menos opções que outras casas, desta vez não pedi um missô ramen (que é o mais pedido na casa), pedi o Shoyu Ramen Completo, e este “completo” significa “com ovo”. Desta vez quis comer algo menos salgado, por isso fui de shoyu.
É uma boa opção, o caldo é bem gostoso e gorduroso, o que pode não agradar alguns, mas achei o prato um tanto pequeno, pode desagradar os famintos ou glutões. Estava gostoso, mas é um dos que menos possui proteína animal, o que não é uma crítica negativa, apenas uma observação.
O restaurante é bem pequeno, fica pertinho de um outro restaurante que gosto muito, o Mori Chazeria que é uma ótima dica para quem quer conhecer ainda mais da culinária japonesa em São Paulo!
Brindes:
onde comer ótimos ramens em são paulo
Meu Udon
O MEU UDON antes funcionava dentro do Espaço Kazu na Liberdade e mudou no primeiro semestre de 2019, funcionando agora somente aos finais de semana na Rua Doutor Bacelar, 1189 na Vila Clementino (a um quilômetro da estação do metrô Hospital São Paulo)!
A casa onde fica o Meu Udon é simples, meio que improvisado em um local onde ocorre uns churrascos, pelo que eu vi. É meio aquela garagem modificada para fazer churrasco de forma mais “bairrista” e simples, mas acredito que seja um espaço que o Meu Udon usa para nos proporcionar esta comida maravilhosa e pode até ser que seja temporária, não sei bem.
Mas a verdade é que a comida continua muito boa, com aquele macarrão feito pelo chef e que, é perfeito! Os gyozas também são feitos na casa e são os melhores que comi na vida!
Como deu para ler um pouco sobre a origem do ramen e do udon no início do post, repito aqui que a massa de udon é bem mais grossa que o ramen. Digamos que a espessura pode ser até 20x mais grossa que a de um ramen fino. Geralmente você é servido de vários pratinhos sendo que um contém a massa, outro o caldo para você mergulhar pequenas porções do macarrão por vez e, depois, comer, além de vir ainda um potinho com algum acompanhamento que geralmente é um tempurá ou legumes grelhados e por aí vai.
No dia que fui conhecer a nova casa estava calor… não, na verdade não estava calor, estava o verdadeiro inferno! A caminhada da estação de metrô até lá de calça jeans, piorou a sensação de inferno e fiquei pensando que mesmo quente, iria comer um udon quente. Porém algo surpreendente aconteceu! No menu há opções geladas (veja na foto do macarrão que tem até gelo)! E foi aí que parti feliz para esta opção e meu pedido, além do tempurá pequeno, veio três gyozas perfeitos e dois pedaços de melão como sobremesa. Este prato custou R$40 (valor de Setembro de 2019) e à parte pedi um tyashu que é a carne fina de porco (vieram 3 fatias) por R$5.
No começo o prato parece pequeno, mas saí de lá quase não aguentando comer tudo, porém, comi cada migalha porque estava muito bom!
Ao lado da mesa havia um papel avisando que naquele dia tinha uma sugestão de sobremesa de pudim japonês de chocolate “feito pela esposa”. É tão fofo ver algo assim tão carinhoso. Dá pra se sentir em casa e bem acolhida. O chef Yoshio Mizumoto deveria ser mais do que consagrado! Apesar do local ser simples, dá pra sentir ainda todo o respeito, carinho e expertise do chef na comida! Espero vida eterna ao Meu Udon!
Sobaria
A Sobaria foi o primeiro restaurante que eu comi um sobá fora de casa na vida. Até então, nem ramen eu costumava ir atrás para comer, tamanha era a dificuldade de se encontrar restaurantes que servem este tipo de prato. O sobá mesmo eu ainda acho que são poucas casas.
Mas o que sempre chamou a atenção é que a Sobaria tem uma pegada Okinawana de Mato Grosso do Sul, isso mesmo! Pelo o que eu entendi, o dono do restaurante é um filho de imigrantes japoneses que se instalaram no Mato Grosso do Sul e como tem esta raiz de carnes nas brasas, escondidinho de carne e etc, já levei amigos americanos lá para provarem a comida sul matogrossense. Mas como vocês sabem, não como carne bovina e para minha sorte, o sobá deles é uma delicia! Adoro o de linguiça e camarão (este último foi descontinuado pela casa). Nunca comi o de shimeji e shitake, mas um dia prometo que vou (minha amiga Cyntia sempre disse que é top).
O atendimento é sempre bom e a casa bem aconchegante. Sempre que posso, volto! Mas devo falar desde já que a qualidade varia um pouco… na maioria das vezes que fui estava estupendo, poucas vezes estava meia boca… uma pena ter esta roleta russa da qualidade, não é mesmo?
Para quem não sabe: há uma comunidade expressiva de japoneses e descendentes e nikkeis em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e pelo o que entendi, o sobá é muito comum não somente entre os nikkeis mas para os moradores de Campo Grande de um modo geral! Imagina? Uma cidade de clima quente, que praticamente ferve o ano todo, mas come um macarrão asiático com caldo quente… Viu só como é possível? O negócio é tão comum por lá que hoje é considerado bem cultural de natureza imaterial e foi tombado pelo IPHAN em 2006. Uau!!! A coisa virou prato regional!
Pho.366
O Pho não é japonês e pode parecer fora de contexto aqui, porque é da culinária vietnamita. Mas resolvi colocá-lo neste post porque também teve origem sob influência chinesa, bem como o ramen, sobá e udon japoneses.
Pelas minhas pesquisas, o Pho era um macarrão ensopado do norte do Vietnã criado naquela região devido à influência chinesa. Dando uma olhada no mapa da região, realmente existe uma fronteira direta entre Vietnã e China e, por algum motivo, o macarrão vietnamita levou arroz em sua composição ao invés de trigo.
Além disso, o macarrão é bem fino e quase desmancha na boca, acho que se não comer rápido, é capaz dele se dissolver no prato/bowl?
O Pho.366 é uma casa pequena na região do Bom Retiro (ou Pequena Coréia) e é frequentado por muitos coreanos. Um dos pratos que eu pude comer (a maioria é feito de carne bovina) é o de frango e custou R$40 (valor de Setembro/2019). Ele veio com muitos, mas muitos pedaços de peito de frango muito gostosos, caldo leve e saboroso, cebolinha, lascas de peixe bonito (que é o Katsuobushi japonês). À parte vem ainda nabo amarelo em conserva e broto de feijão e coentro para você mergulhar no caldo quente e limão verde para espremer e “temperar” ainda mais o caldo.
Este prato não era novidade para mim, pois a primeira vez que tive contato com culinária vietnamita foi em New York, na Chinatown de lá. Naquela ocasião eu havia pedido exatamente este mesmo prato e tinha gostado muito, mas hoje digo que o do Pho.366 levaria mais estrelas se eu fosse pontuar comparando os dois!
Endereços dos Restaurantes listados:
JoJo Ramen: Rua Dr. Rafael de Barros, 262, Paraíso
Ramen Maru: Rua José Maria Lisboa, 118, Jardim Paulista
Lamen Aska: Rua Galvão Bueno, 466, Liberdade
Nara Lamen: Rua Carneiro da Cunha, 172, Saúde
Hirá: Rua Fradique Coutinho, 1240, Vila Madalena
Meu Udon: Rua Doutor Bacelar, 1189 na Vila Clementino (Aberto somente aos sábados e domingos das 11h30 até 14h30. O local comporta até umas 30 pessoas.)
Sobaria: Rua Luís Góis, 1559, Mirandópolis
Pho.366: R. Silva Pinto, 366 (das 11h30-15h e depois das 17h30-20h ou 21h. Não abre domingo)
Duas observações sobre o assunto.
Em 1985 foi lançado no Japão um filme clássico chamado Tampopo que é muito citado como inspiração para vários ramen masters e é responsável pelo novo boom do ramen nessa década, puxado por jovens chefs que criaram uma diversidade enorme de receitas.
Há uma grande diferença entre o macarrão do Udon e do ramen. Sim, ambos são feitos com farinha de trigo e água. Mas a massa do ramen leva kansui, uma mistura de água, carbonato de sódio e potássio.. essa mistura deixa a massa alcalina, o que faz com que tenha cor, sabor, consistência e resistência a alta temperatura do caldo que a massa do ramen precisa. E eventualmente, vai ovo na massa.
Adorei as observações! Muito obrigada!
Alguém poderia me indicar um restaurante de lamen, que não seja pequeno e no estilo coma e saia!! Queria reservar um dia para comer sossegado, pedir uma entrada, uma sobremesa depois e com a limitação da pandemia e as filas geralmente te dão 30 min e tem que sair da casa, acho chato.