Conheça Paranapiacaba - um distrito (ou bairro) da cidade de Santo André, localizado no início da Serra do Mar que dá para o litoral sul paulista. Devido a instalação de elementos ingleses na região e por causa da sua localização que, geralmente no final da tarde, costuma receber uma neblina, é chamada também de "vila inglesa".
Paranapiacaba é uma cidade tombada pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, e o seu nome em tupi-guarani significa 'lugar de onde se vê o mar'.
A história de Paranapiacaba do jeito que vemos hoje nasceu quando, em 1867, britânicos começaram a desembarcar no Brasil com a finalidade de construírem a primeira estrada ferroviária paulista. Podemos ver que um dos exemplos está na Estação da Luz que, aliás, é de lá que sai o trem turístico até Paranapiacaba (e a ponta oposta leva passageiros à cidade de Jundiaí). Mas não só de britânicos Paranapiacaba era acampamento, já que outros imigrantes e também brasileiros se instalaram na região
O interessante da época é que cada imigrante trazia consigo as suas referências arquitetônicas e tecnológicas o que podemos ver claramente em Paranapiacaba alguns exemplos como o Museu Castelo que é uma construção em estilo vitoriano inglês da época, o maquinário do relógio da Estação Alto da Serra e o Clube União Lyra Serrano, que por sinal é uma das últimas edificações feitas pelos britânicos.
Além da pequena vila, para os que querem mais, sugiro fazer um trekking pelas trilhas dos trechos de Mata Atlântica e conhecer a primeira reserva biológica da América Latina. Existem algumas agências locais para agendar este tipo de atividade.
Em Abril ocorre o Festival do Cambuci que é um fruto azedo coletado nas matas locais. O festival conta com atrações musicais, teatro, oficinas e a tradicional feira de produtos e artesanatos no antigo Mercado e o roteiro gastronômico onde os estabelecimentos locais oferecem pratos salgados, doces e bebidas elaboradas com o fruto típico. Todo ano o site da prefeitura de Santo André divulga as datas do festival e quais estabelecimentos estarão participando. Eu tentarei voltar nesta época para trazer mais informações da festividade!
E em Julho ocorre outro festival, o Festival de Inverno de Paranapiacaba. Em apenas 2 finais de semana do mês, o festival tem comida, música, cinema, artesanato e tudo mais! Mais um motivo para voltar à vila.
Dicas Práticas
Como chegar:
01) Expresso Turístico: o trem turístico sai da Estação da Luz e você pode comprar e agendar em uma bilheteria específica da estação OU pelo site clicando aqui (clique em "vagas e calendário"). Porém, é preciso saber que tal viagem ocorre apenas de Domingo e você não encontra a agenda aberta para comprar para qualquer dia do ano, por exemplo, pesquisando em 07 de Janeiro, a agenda máxima aberta estava somente para início de Março. Além desta limitação, os tickets costumam acabar rapidamente e é relativamente caro. Quem teve sorte e conseguiu a passagem, levará 01h30 de viagem e possivelmente não terá vistas deslumbrantes da janela do trem.
02) Carro: Simplesmente pegue o carro, roteirize no GPS e vá. O trajeto, dependendo de onde você partirá em São Paulo, pode levar 01h30. Pelo oque pesquisei, o mais indicado é pegar a Rodovia Anchieta.
03) Metrô + CPTM + ônibus: é bem fácil e vou explicar como fizemos. Estávamos na região da Vila Mariana em São Paulo e pegamos o metrô até a estação Tamanduateí (linha verde) e fizemos baldeação pra linha Turquesa da CPTM em direção a Rio Grande da Serra. Descemos nesta estação e saindo dela à esquerda, cruzamos os trilhos do trem e seguimos à direita por aproximadamente 100 metros até o ponto de ônibus (se você ficar com dúvida, pergunte a alguém porque qualquer pessoa vai te ajudar). De lá, a intenção era pegarmos o ônibus Rio Grande da Serra/Paranapiacaba 424 (valor da passagem: +ou- R$4,00), que, pelo o que nos contaram, costuma aparecer de 1h em 1h. Chegando lá, constatamos que havíamos acabado de perder um 424. Então nos falaram que há um outro, com passagem mais cara (+ou- R$6,00) que sai do centro de Santo André e passa por lá e tem o destino final de Paranapiacaba (inclusive o ônibus chama-se Paranapiacaba). Como este passou primeiro, pegamos ele! No total, esperamos cerca de 40 minutos e as pessoas nos falaram que este ônibus não tem uma frequência certinha para passar neste ponto.
Chegando em Rio Grande da Serra, apenas uma operadora de celular funciona, então para pedir um UBER você pode encontrar dificuldades. De toda forma, para saber: UBER custa +- R$35,00 e taxi R$40. Valores de Janeiro/2019.
Chegando de trem o seu passeio por Paranapiacaba começa na estação ferroviária, na parte "baixa da cidade". De lá dá pra ver de pertinho a torre do relógio da estação que foi erguida em 1898 e parece que quando o relógio toca, reproduz o icônico Big Ben de Londres. Para quem adora trens, vá até o Museu do Sistema Funicular que preserva trens da antiga São Paulo Railway Company e vagões que foram usados no período imperial para transportar ninguém menos do que D. Pedro II!
Como fomos de metrô + CPTM + ônibus, chegamos numa terça feira de Janeiro extremamente quente e passando do horário do almoço e, obviamente, estávamos famintos. Fazendo este trajeto, o ônibus tem o ponto final ao lado da igreja, na parte "alta da cidade". Fomos descendo as ruas um tanto íngremes em direção à passarela que passa por cima dos trilhos.
Já passo a dica aqui que, caso você visite a cidade com o meio de transporte metrô + CPTM + ônibus, vá com tempo porque quando você desce em Rio Grande da Serra, existem dois tipos de ônibus (conforme eu falo no card de dicas gerais logo acima): o 424 (como mencionado no box acima) que pode demorar de 01 em 01 hora para aparecer ou o ônibus que sai de Santo André e pára no mesmo ponto que o 424 também pode demorar de 01 em 01 hora para passar no ponto. Da Vila Mariana até Rio Grande da Serra levamos quase 01 hora, o problema foi ter que esperar + quase 01 hora para um dos dois ônibus aparecerem e quando apareceu levou 20 ou 30 minutos para chegar em Paranapiacaba.
Seguimos pela vila procurando a Avenida Fox porque a minha intenção era almoçar no Estação Cavern Club Restaurante e Wine Bar que fica no final da rua e faz parte da hospedaria Os Memorialistas. Outro local que parece ser bom é o Restaurante Cantinho Do Beija Flor na mesma rua.
Neste caminho acabamos encontrando o Museu Castelinho que fica no topo de uma colina e estava fechado para reformas. Como não tivemos a oportunidade de entrar, já vou passar as informações que conheço sobre o local: o edifício possui arquitetura vitoriana inglesa da época e foi construído em 1897. Era moradia do engenheiro chefe da vila, Frederic Mens. Para conseguir controlar a ferrovia, a casa foi feita no alto da colina para este fim e de lá, Mr. Mens podia até ficar de olho no trabalho dos operários no pátio de manobras. Hoje o lugar é um museu que guarda móveis antigos, documentos, fotografias e um acervo de alguns equipamentos ferroviários.
Aliás, de cima da passarela, esta é a construção que vimos em destaque no meio do "matagal".
Segunda dica: a cidade se prepara mais para receber turistas durante os finais de semana, então sugiro você programar sua visita aos sábados e domingos. Fomos numa terça feira de Janeiro e estava mais do que metade dos estabelecimentos comerciais fechados. Porém, mesmo chegando às 15 horas, conseguimos almoçar! Não nestes dois restaurantes que menciono acima, porém você encontra casas com placas na frente indicando "serviços turísticos". A maioria com ambiente bem familiar, e parece que você está sendo recebido pela família local mesmo! É uma experiência muito gostosa!
Acabamos indo ao gracioso café Infinito Olhar e ficamos nos imaginando tomando um café ou uma cerveja naquele local após o almoço! Conhecemos o estabelecimento rapidamente e, como lá não há refeições, a Elis (proprietária do café) nos indicou irmos ao Restaurante e Pastelaria Estação do Sabor, da Dona Benilde. Chegando lá já ficamos empolgados em encontrar aquele ambiente familiar que falei mais acima. Imagina você chegando na casa da sua tia do interior para almoçar? Então, foi quase assim! O local possui aquelas estruturas de self-service mas no momento era "a la carte". A Dona Benilde veio nos atender prontamente, nos acomodou e foi trazendo o almoço delícia bem caseiro de interior de forma rápida! Tudo muito simples e cheio de amor.
Comemos como doidos e já falo que, apesar do calor, a comida foi bem leve e suficiente! Cada prato custou R$20 com salada, feijão, arroz e frango ou carne. Fica na Rua Antônio Olitho, 485, bem em frente à entrada do Teatro.
Com os estômagos ocupados com a comida, começamos a explorar um pouco mais a tal vila inglesa. Vimos que a maioria das construções foi feita com a madeira nobre chamada "pinho de riga" e pelo o que entendi é originária do Leste Europeu.
Passamos no Clube União Lyra Serrano que é uma importante edificação da vila por sua função social e pelo valor histórico arquitetônico. Construído em 1936 em madeira e com telhas francesas, foi uma das últimas construções inglesas do local. Na realidade eram dois complexos: o Serrano Futebol Clube e o Lyra da Serra, sendo que o primeiro era destinado à prática do futebol e o segundo às artes e cultura. Existem aspectos inovadores para a época, como por exemplo o salão principal que se transforma em sala de cinema, quadra de esportes e salão de baile. É um espaço bem bonito que nos passa até um certo requinte empregado por lá. Hoje dois bonecos ficam no balcão para mais ou menos exemplificar como as pessoas ficavam lá em cima, assistindo aos eventos.
Restaurado em 2005, hoje abriga uma exposição que aborda o patrimônio sócio-cultural, com um acervo de aproximadamente 400 troféus das décadas de 1920 a 1990, mas quando visitamos o local, esta porta estava fechada.
Há uma pequena sala de jogos com duas mesas de sinuca, jogo de gamão, bolas de bocha e fotografias dos eventos que aconteciam por lá. O local faz parte dos Festivais de Inverno e também da Feira Literária (que ocorre geralmente em Setembro, e eu falo "geralmente" porém às vezes tal evento não é promovido).
O Teatro é pequeno, não leva nem 30 minutos para visitá-lo, mas vale a pena passar por lá.
Outras duas edificações que conhecemos foram a Casa Fox e a Padaria dos Mendes.
Casa Fox era na verdade duas casas germinadas, típica construção de operários da época. O nome é uma homenagem ao engenheiro Daniel Mackinson Fox que chegou ao Brasil em 1856. Hoje a casa também é chamada de Casa da Memória e é feita de madeira, tijolos e telhas francesas, construída entre 1897 e 1901.
E no final do dia tomamos o tão merecido café que a Elis sugeriu um mais cítrico gelado com laranja que eu gostei muito! Como disse, o nome do Café é Infinito Olhar e tem um ambiente bem aconchegante, descontraído e moderninho! Vale a pena parar lá e só vai ser difícil escolher qual aposento te agradará mais para tomar o seu café, porque um é mais fofo que o outro!
A casa abriu no meio de 2018 e conquistou meu coração! Há opções de lanches e opções para bons cafés da tarde... quero um dia voltar e ficar horas lá olhando cada detalhe!
Atravessamos a passarela metálica e fomos até a Igreja Bom Jesus de Paranapiacaba que foi erguida em 1889 e hoje, além de missas e da Festa do Padroeiro Bom Jesus (comemorada em Agosto) é a mais antiga de Santo André. Construída no final do século XIX conforme a ferrovia ia aumentando. Em Paranapiacaba até então só possuía um oratório e o registro aponta para a data de 1880. A igreja de Paranapiacaba foi construída e em 1884 obteve autorização qüinqüenal para celebração de missa.
Assim como boa parte da cidade, a igreja também estava fechada.
Conheça Paranapiacaba com as dicas do Itinerário de Viagem
Hospedagem:
Nós não nos hospedamos na vila mas indicamos duas pousadas com boas recomendações no Booking.com: Hospedaria Os Memorialistas e Pousada Maranata B&B. Nas duas opções você se hospeda perto de tudo e dentro de casas típicas e por causa disso, o banheiro é compartilhado. Ambas as pousadas possuem quartos que cabem de 2 a 4 pessoas.
Dentre as duas, eu certamente me hospedaria na Hospedaria Os Memorialistas.
Fique ligado nesta página porque vamos voltar a Paranapiacaba em breve e rechearemos a página de mais informações!
ATENÇÃO: Algumas informações descritas no blog podem mudar, como por exemplo, preços, horários de funcionamento e até mesmo endereços. Consulte sempre antes de ir! Não possuímos vínculos com as empresas, serviços e profissionais mencionados neste blog ?
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